Prémio Nacional de Medicina Interna 2017 entregue a Barros Veloso

António Barros Veloso foi agraciado com o Prémio Nacional de Medicina Interna, atribuído pela segunda vez pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. A cerimónia de entrega do galardão decorreu após a cerimónia de abertura do 23.º Congresso Nacional de Medicina Interna, que decorreu no Porto.

O prémio distingue um internista que tenha contribuído de forma relevante para a divulgação, avanço científico e/ou implementação da especialidade em Portugal.

João Araújo Correia, presidente do 23.º CNMI, António Barros Veloso e Luís Campos.

“Uma intervenção ativa na política de Saúde”

O médico, que presidiu à Sociedade Portuguesa de Medicina Interna entre 1992 e 1994, integrou, no início dos anos 80, juntamente com Armando Porto, Soares de Sousa, Faustino Ferreira e António Martins Baptista, entre outros, “o grupo que ‘acordou’ a especialidade da letargia em que tinha caído nos anos 70”.

Quem o recordou foi Luís Campos, o atual presidente da SPMI, que não deixou de sublinhar que, “durante a sua carreira, para além de ser um brilhante clínico, sempre teve uma intervenção ativa na política de Saúde, na regulação da profissão médica e nas sociedades médicas”.

Medicina Interna e a SPMI: “uma paixão”

Embora admitindo não ser particularmente apreciador de homenagens, António Barros Veloso disse, na cerimónia de entrega do prémio, que foi a sua ligação à SPMI que o fez aceitar receber este prémio. “A Medicina Interna e a SPMI foram, para mim, uma paixão”, referiu.

Especialidade proporciona “um contacto grande com os doentes”

E quis deixar expresso que, para si, “entre todas as especialidades médicas, a Medicina Interna é, talvez, aquela que procura o maior rigor no diagnóstico e a mais económica, não por razões de racionamento, mas porque utiliza a história clínica”. Por outro lado, “é também a mais humanizada, porque os internistas têm um contacto grande com os doentes, o que faz dela uma especialidade à parte de todas as outras”.

Uma carreira de sucesso

António Barros Veloso nasceu em Coimbra, em 1930, onde se licenciou, tendo vivido grande parte da juventude no Caramulo, onde o pai era médico. Casado, pai de dois filhos e avô de dois netos, fez o Serviço Militar em Angola, durante o tempo da Guerra Colonial, pelo meio do Internato. Fez toda a carreira como internista nos Hospitais Civis de Lisboa, onde atingiu o topo da carreira em 1970, após concurso de provas públicas.

Foi diretor do Serviço de Medicina do Hospital dos Capuchos de 1986 a 2000, altura em que se aposentou. Desempenhou diversos cargos naquele hospital e representou várias comissões, entre os quais o de membro da Direção Médica, em 1982, e membro do Conselho Geral dos Hospitais Civis de Lisboa, em 1987.

Na Ordem dos Médicos, António Barros Veloso integrou o Conselho Disciplinar, entre 1987 e 1989, e foi membro da Direção do Colégio da Especialidade de Medicina Interna, entre 1994 e 1998.

Foi ainda membro do Conselho de Reflexão sobre a Saúde, em 1996, tendo elaborado, segundo Luís Campos, um importante grupo de recomendações, em conjunto com o atual secretário de Estado, Manuel Delgado. Fez também parte da Comissão de Avaliação dos Cursos de Medicina, em 1998.

Entre 2005 e 2011, foi presidente da Comissão de Ética para a Investigação Clínica, tendo sido ainda presidente da Sociedade Médica dos Hospitais Civis de Lisboa, entre 1987 e 1989. Publicou três livros sobre Medicina – “Medicina, a arte do ofício”, “Medicina e outras coisas” e Medicina do corpo, Medicina do espírito: 50 anos de Medicina Interna” – e foi autor de um elevado número de artigos científicos e de opinião.

Recebeu vários louvores da Administração dos Hospitais Civis de Lisboa e do Ministério da Saúde. Possui a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos e a Medalha de Ouro dos Serviços Distintos do Ministério da Saúde. Atualmente, é membro do Conselho de Faculdade da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa.

António Barros Veloso é também um dos maiores estudiosos da azulejaria nacional, tendo publicado vários livros. É ainda considerado um pianista de jazz “notável”, tendo tocado com alguns dos maiores nomes nacionais e estrangeiros. Coordena, atualmente, um livro sobre a História da Medicina Portuguesa do século XX, que será publicado ainda este ano.

(26/05/2017)