Ordem dos Médicos no Porto acolheu novos Internos de Medicina Interna

A sede da Ordem dos Médicos na cidade do Porto foi o local escolhido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) para dar as boas-vindas aos novos Internos da Especialidade. A receção aos Internos serviu para abordar alguns temas que os candidatos a especialistas vão enfrentar nos próximos anos, e que o próprio presidente da SPMI admitiu serem um “duro desafio”.

“A Medicina Interna não é o céu, mas também não é o inferno”, começou por desdramatizar João Araújo Correia, que comparou a especialidade aos vinhos que o Douro dá a conhecer ao mundo, “que vêm de terra muito ingrata”:

“A Medicina Interna é como fazer um vinho no Douro, que dá um produto fantástico e único no mundo. Na Medicina Interna também é difícil o caminho, mas depois de 30 anos não me imaginava a ser outra coisa que não internista”, disse o médico, que alertou que se trata de uma especialidade em que apenas se pode triunfar com paixão e dedicação.

“É normal não se saber tudo sobre todas as coisas. Em Medicina Interna temos de saber lidar com essa insegurança. A Medicina Interna não deve ser uma segunda opção e espero que a maioria tenha feito esta escolha com convicção, pois é uma especialidade que exige grande dedicação”, frisou.

Em seguida, o presidente da SPMI destacou a importância que a especialidade assume no nosso país, onde já é a maior especialidade hospitalar, e sublinhou a necessidade de a população estar a par do que fazem os internistas.

“Esse é um trabalho em que temos apostado para demonstrar à população que o nosso papel no sistema de saúde é central, por termos a capacidade de ver os doentes como um todo. A evolução demográfica, com os doentes mais velhos e com múltiplas patologias tornam os internistas cada vez mais imprescindíveis, e por isso têm o futuro assegurado”, disse João Araújo Correia. Relativamente à atividade da SPMI, destacou a formação, o crescimento dos Núcleos de Estudo, a revista da SPMI, as relações internacionais e a ligação à Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI), deixando uma palavra especial para a importância da Medicina Interna marcar posição a nível académico.

João Araújo Correia, presidente da SPMI

“Temos de trabalhar por ganhar peso específico nas universidades, pois os Internistas são essenciais para garantirem um ensino médico de qualidade. As cátedras estão usualmente entregues a especialistas de órgão, pois a nossa carga hospitalar é tão pesada que acabamos por descurar a carreira académica. A Medicina Interna tem de liderar algumas das cadeiras base no ensino da Medicina”, vaticinou, destacando ainda a força política que a SPMI tem vindo a assumir no sentido de influenciar as decisões em Saúde, a importância do contacto com a população em espaços como a Festa da Saúde, “em que nos assumimos na área da prevenção da doença e promoção da saúde”.

“Somos cada vez somos mais reconhecidos e virmos a ser a base sustentável do SNS é cada vez mais uma realidade dos nossos dias”, terminou.

Colégio de Medicina Interna e SPMI unidos pela formação

Presente na receção aos internos esteve também José Presa Ramos, do Colégio de Medicina Interna, que assumiu a importância da ligação à SPMI por uma Medicina Interna mais forte, incentivando todos os jovens a usarem os novos meios e tecnologias disponíveis, sem se esquecerem de usar o que considerou ser o mais importante: o cérebro.

Quanto ao Colégio de Medicina Interna, o especialista explicou que este “zela pela à pela observância das normas básicas, propõe alterações ao currículo, estabelece a idoneidade dos serviços de forma a proporcionar boa formação, elabora os programas de formação, define os critério de avaliação dos internos e defende o prestígio da Medicina Interna em conjunto com a SPMI”.

A terminar, José Presa Ramos destacou que “aliar competência a mais conhecimento” é a missão da instituição, advogando que o especialista de Medicina Interna deve estar no centro da decisão.

“Somos a charneira e estamos no olho do furacão da gestão do processo clínico do doente”, concluiu.

A terminar, Narciso Oliveira, do NeFORMI, apresentou aos internos as possibilidades de formação que a SPMI lhes oferece, frisando que “não basta trabalhar, é preciso fazer bem”.

António Grilo Novais, coordenador do Núcleo de Internos de Medicina Interna (NIMI), encerrou a sessão com algumas palavras sobre o acompanhamento que os internos podem ter pelos colegas que estão a fazer o internato por vários pontos do país, incentivando-os a envolverem-se nas atividades do núcleo.

(14/01/2017)