Notícia | Doenças cerebrovasculares: Atualização

Doenças cerebrovasculares: Atualização

Na sessão de “Doenças Cerebrovasculares: Atualização”, que decorreu na manhã de domingo, Paulo Castro Chaves, especialista em Medicina Interna, trouxe o tema “Trombólise Off-Label: mitos e realidades na era da trombectomia”, onde anunciou que a aprovação da trombólise endovenosa mudou o paradigma da abordagem do AVC isquémico agudo.

E esclareceu os principais pontos-chave, no que concerne aos critérios da abordagem deste tipo de AVC “os critérios de exclusão são um critério de segurança relevante, mas devem ser adaptáveis ao contexto clínico agudo específico. Nem sempre os critérios de exclusão têm uma forte evidência a suportá-los. Critérios demasiado restritivos podem levar à exclusão de doentes potencialmente elegíveis ou conduzir à realização de exames adicionais que prolongam demasiado o tempo porta-agulha. Contudo, as consequências dos desvios do protocolo nem sempre são conhecidas”.

O especialista relembrou ainda para a necessidade de harmonização dos critérios de elegibilidade entre recomendações e entidades.

Como principais conclusões, Paulo Castro Chaves, fez questão de mencionar “que os estudos mais recentes permitiram adquirir evidência para alargar este tratamento a mais doentes, em função da idade e tempo de sintomas, por exemplo. A modificação do paradigma temporal para baseado no tecido. E por fim, a utilização de novos trombolíticos pode adicionar maior capacidade de reperfusão a esta terapêutica”, terminou.

Em tom de despedida, o médico sublinhou que a seleção de doentes é uma ciência, mas também uma arte.

Para cima da mesa redonda, Tiago Gregório, especialista em Medicina Interna lançou o tema “ESUS: estado da arte e qual a melhor abordagem”, demonstrando a pertinência do tema com números: o AVC é a principal causa de morte em Portugal.

“Um em cada cinco AVCs pertencem à categoria dos ESUS, Embolic Stroke of Unknown Source, que significa AVC embólico de origem indeterminada”, acrescentou.

Referiu também que a prevenção secundária com aspirina e o controlo dos fatores de risco cardiovascular é insatisfatória, na medida em que um em cada 20 a 25 doentes irão sofrer um novo AVC.

Segundo o especialista, a população de doentes com AVC embólico de origem indeterminada é uma população muito heterogénea, por isso, com o arsenal terapêutico atualmente existente, não é possível definir uma estratégia de prevenção ‘one size fits all’. “Há que individualizar os tratamentos ou desenvolver novas terapêuticas mais

seguras que possam ser combinadas com as estratégias atuais sem que isso acarrete riscos acrescidos para os doentes”, concluiu.

A sessão contou com a presidência de António Oliveira e Silva, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de S. João, com a moderação de Ana Paiva Nunes, médica internista no Hospital de São José, em Lisboa, e porta-voz do Movimento SNS in Black e com a apresentação do tema “Hipocoagulação após AVC: quando iniciar. Fármaco mais adequado”, levada a cabo por Marisa Mariano, internista.