NEDVIH debateu implicações neurocognitivas e mentais do VIH

O ciclo de reuniões temáticas promovido pelo Núcleo de Estudos da Doença VIH (NEDVIH) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) foi até ao Algarve, Lagos, para um encontro dedicado ao tema “VIH: Doença Mental e Neurocognitiva”, onde se debateu as implicações da doença a este nível.

José Vera, coordenador do NEDVIH, começou por realçar a importância de descentralizar as reuniões sobre este tema e sublinhou que da parte do NEDVIH é também uma forma de “reconhecimento do trabalho imenso que é feito em várias áreas do país”.

“São grupos que trabalham afincadamente na redução da infeção e têm um enorme contributo na melhoria de cuidados e bem estar dos doentes com VIH”, disse José Vera, frisando que os números da doença têm diminuído, mas que ainda assim esta não está controlada.

“O número de doentes tem reduzido, mas devemos alertar que mais de metade apresenta-se tardiamente para diagnóstico. E isto é preocupante. O contributo da ciência e da indústria tem sido fundamental para o controlo da infeção, mas os doentes não deixam de estar infetados”, afirmou o coordenador do NEDVIH, que explicou que isso tem modificado o tratamento da infeção ao longo dos anos.

“A grande preocupação de hoje passa por dar aos doentes os cuidados que eles necessitam, porque a grande carga da doença reflete-se nas patologias que cobrimos neste ciclo de reuniões: problemas cardiovasculares, renais, neurocognitivos, que são francamente superiores à população não infetada. Isto prova que precisamos da colaboração dos serviços hospitalares, de incentivar as pessoas a continuar o trabalho que foi feito, lembrando que estes doentes fazem parte da rotina”, concluiu.

José Vera (à esquerda) com a comissão organizadora da reunião

Paulo Morgado, presidente da ARS Algarve, esteve também presente nesta sessão em Lagos e recordou que o Algarve é a área do pais com maior prevalência de VIH, resultado das características do território “que torna difícil todo o trabalho de erradicação deste problema”.

“Temos feito um caminho positivo no sentido da redução da prevalência dos problemas ligados à SIDA, e em 2019 atingimos já a meta com que nos tínhamos comprometido para 2020, mas temos de manter a aposta na prevenção primária e secundária. Precisamos de começar a tratar a doença o mais cedo possível, pois sabemos que ainda não conseguimos diagnosticar tão precocemente quanto seria desejável, o que desde logo atrasa o tratamento”, terminou.

A terminar, Domitília Faria, internista do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) que esteve nesta sessão em representação da Coordenação Regional do Programa Nacional VIH/SIDA, elogiou as pontes construídas entre os diferentes níveis de cuidados de saúde no Algarve e realçou o trabalho desenvolvido no apoio a novas iniciativas e resolução dos mais variados problemas.

O quinto encontro do ciclo de reuniões temáticas promovido pelo NEDVIH foi então dedicado à Doença Mental e Neurocognitiva, tendo feito uma abordagem das patologias psiquiátricas mais frequentes no âmbito da consulta de Imunodeficiência, as alterações neurocognitivas relacionadas com esta infeção viral e ainda as novas substâncias de abuso e novos hábitos de consumo.

A sexta a última reunião promovida pelo NEDVIH terá lugar a 23 de novembro, em, Lisboa, subordinada ao tema da Doença Neoplásica.

(03/10/2019)