Jovens internistas foram um dos destaques no terceiro dia do CNMI

Os internos de Medicina Interna são encarados pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) como uma das suas grandes mais valias e isso mesmo ficou patente durante o terceiro dia do Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que decorre até amanhã, domingo, em Vilamoura, no Algarve.

A tarde do Jovem Internista foi o espaço encontrado para reunir atuais e antigos internos da especialidade, que aproveitaram também a ocasião, associando-se ao NEForMI, de promover a décima edição da Escola de Verão.

António Sousa, do Núcleo de Internos de Medicina Interna (NIMI), destacou a importância de reunir os médicos mais jovens no espaço do congresso, sublinhando que “são parte do ativo da Medicina Interna e os internistas do futuro”, e destacou ainda o tema escolhido para esta sessão, o programa “Choosing Wisely”.

Ricardo Fernandes, Caterina Delcea, António Grilo Novais e Miguel Vieira

Miguel Vieira, da Ordem dos Médicos, foi quem esteve na sessão para dar conta dos méritos deste programa e explicou que se trata de uma ação de literacia em saúde.

“O Choosing Wisely – escolhas criteriosas em saúde é um programa de literacia em saúde, que pretende chegar a profissionais de saúde e especialmente à população em geral, numa linguagem acessível, de forma gratuita e 24 horas por dia, online. Tratam-se de documentos validados, recomendações que foram redigidas por profissionais e têm a certificação da Ordem dos Médicos”, esclareceu.

Internos e ex internos que passaram pela Escola de Verão da SPMI

Numa segunda parte da sessão, o destaque foi então para o anúncio da décima edição da Escola de Verão de Medicina Interna (EVERMI), que como é já tradição vai decorrer em setembro, no Alentejo. Nuno Bernardino Vieira, membro do NEForMI, explicou que a data redonda obriga a que esta seja uma edição marcante e, por isso, prometeu novidades para o evento que vai acolher internos de norte a sul do país.

“Estamos a apostar numa edição best off do que se passou nestas dez edições. No fundo, escolhemos destes dez anos os temas e espaços que mais acolhimento tiveram e reunimo-los numa só edição”, anunciou o internista que foi, enquanto interno, um dos alunos da EVERMI.

Dicas para publicar artigos científicos

Logo no início do dia, num simpósio dedicado à Revista de Medicina Interna, Helena Donato, consultora da publicação, explicou alguns conceitos que estão subjacentes à publicação de artigos científicos e deixou conselhos para os médicos que estão a pensar dar esse passo.

“É importante evitar alguns erros básicos, que muitas vezes são recorrentes e invalidam ou atrasam a publicação dos artigos. Há algum desconhecimento das regras a seguir, e por vezes também alguma falta de originalidade dos trabalhos”, disse a especialista, frisando que o editor procura novidade e artigos que tragam algo de novo para a literatura científica.

Helena Donato

Quanto à revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a consultora sublinhou que é uma revista de grande mérito científico e já indexada em boas bases de dados internacionais.

“Julgo que há algum desconhecimento sobre essa mais valia desta revista. Por vezes valoriza-se mais o que é estrangeiro, mas esta é uma boa publicação, que está a fazer um percurso sólido e já tem reconhecimento internacional em várias bases de dados.”

Doenças autoimunes: medicação off-label

Numa das sessões mais esperadas do dia, subordinada ao tema da medicação off-label nas doenças autoimunes, os especialistas que compuseram a mesa explicaram o conceito e como é importante este recurso.

Carlos Vasconcelos

Carlos Vasconcelos, diretor da Unidade de Imunologia Clínica do Hospital de Santo António, no Porto, presidiu a esta sessão e sublinhou a sua relevância para a comunidade médica.

“Este é um tema muito importante porque convém que a comunidade médica tenha bem claro o conceito de off-label, que está bastante longe do conceito de ilegal. Off-label quer apenas dizer que não há evidência científica que permita que o medicamento esteja on-label. E, na maior parte das vezes, não existe essa certificação porque é um processo bastante caro”, explicou o médico, que avançou ainda que o off-label é utilizado apenas quando estão esgotadas todas as outras possibilidades.

“Primeiro é preciso evitar que os doentes morram. A nossa primeira missão é não fazer mal, mas não devemos esquecer que para isso é preciso que o doente esteja vivo”, terminou.

Assembleia Geral da SPMI fechou o dia de trabalho

 A encerrar o terceiro dia de CNMI, reuniram a assembleia geral do Colégio de Medicina Interna e a assembleia geral da SPMI.

João Araújo Correia, presidente da SPMI

Na ocasião, João Araújo Correia enumerou o trabalho que foi feito pela direção no último ano, o primeiro do seu mandato, destacando o estreitamento de relações da Medicina Interna com a Medicina Geral e Familiar, o trabalho desenvolvido com os núcleos na definição de critérios de certificação, a promoção de protocolos de cooperação com a Sociedade Espanhola de Medicina Interna, a parceria construída com a APAH e, ainda, a reunião tida com a Secretária de Estado da Saúde, onde a direção da SPMI explanou as suas propostas para a melhoria global do SNS.

No final da assembleia foi ainda aprovada por unanimidade a atribuição do título de sócio honorário a Estevão Pape, médico internista que o ano passado foi o presidente do 24.º CNMI.

(25/05/2019)