Internista António de Barros Veloso distinguido pela UNL com o título de Doutor Honoris Causa

O internista e antigo presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), António de Barros Veloso, foi no passado dia 10 de maio agraciado pela Universidade Nova de Lisboa (UNL) com a atribuição do título de Doutor Honoris Causa.

O auditório da Reitoria da UNL, em Campolide, recebeu a cerimónia onde estiveram cerca de 200 convidados, entre eles colegas, familiares e amigos do laureado, que no seu discurso confessou a total surpresa pela distinção.

“Este título de Doutor que me foi atribuído pela UNL deixou-me absolutamente surpreendido e confesso humildemente que não o esperava. É claro que me sinto muito honrado e agradecido. A minha surpresa resulta principalmente do facto de nunca ter feito nada para que isto acontecesse e nunca ter pensado sequer em seguir a vida académica, pois a minha vida profissional foi sempre orientada para a prática nos Hospitais Civis de Lisboa, que hoje já não existem mas talvez tenham sido a instituição mais importante do século XX em Portugal”, lembrou o especialista em Medicina Interna, também autor de várias obras.

Recordando os tempos de infância, António de Barros Veloso admitiu que o seu futuro podia ter sido muito diferente e com boa disposição lembrou que “viver rodeado de médicos e tuberculosos” lhe moldou o destino e lhe deu a conhecer a sua primeira paixão, o diagnóstico:

“A minha verdadeira paixão foi o diagnóstico. Era um fascínio e simultaneamente uma angustia, uma escalada de dúvida entre acertar ou não, muitas vezes definindo a fronteira entre a vida e a morte. Só me tornei verdadeiramente médico no contacto com os doentes. A ligação aos doentes, a partilha das suas inquietações e sentimentos foi a componente que modelou a minha carreira”, afirmou o médico, que acrescentou ainda que foi desse processo que nasceu outra paixão, o ensino.

“Dediquei parte da minha vida a ensinar, não pela partilha de conhecimentos, mas pela paixão de pôr as pessoas a pensar. O ensino foi para mim verdadeiramente fascinante.”

Barros Veloso deixou ainda uma mensagem aos jovens médicos de hoje, que disse “viverem fascinados pelas tecnologias, mas perturbados pela burocracia”:

“Em medicina há três palavras fundamentais: vocação, que é o sentimento de partilha e entreajuda, a noção clara de que das nossas decisões depende o bem estar e a vida dos doentes; cultura, pois sem ela é difícil perceber o que é a medicina e aquilo que ela tem de mais profundo e humano; e ética, cada vez mais escassa nos dias de hoje, mas que marca a fronteira de respeito pela dignidade do outro”, vincou.

A terminar, o médico não esqueceu a sua origem e lembrou o trabalho desenvolvido na SPMI, de que foi presidente entre 1992 e 1994.

“Tenho de aqui deixar uma saudação muito especial à SPMI, aqui representada pelo seu presidente, e que foi uma das instituições a que dediquei uma grande atividade durante toda a minha vida”, concluiu o internista.

Veja aqui as palavras do Professor Barros Veloso.

(14/05/2018)