Inovação na prestação de cuidados pela MI, a formação e as competências

Realizou-se a 12-11-2016, no Hotel Tivoli Oriente, uma reunião dirigida aos Diretores de Serviço e Orientadores de Formação, que teve um êxito assinalável, pelo número de participantes (+ 100) e pela discussão de alto nível que teve lugar.

Foram dadas a conhecer muitas experiências inovadoras do exercício da Medicina Interna, algumas já em Portugal e outras que já têm uma experiência de largos anos em Espanha, com resultados notáveis!

Inovação na prestação de cuidados pela MI
As vantagens inerentes à organização departamental da medicina Interna no Hospital, foram bem explicadas pelo Dr. Vasco Barreto, Diretor do Serviço de Medicina do Hospital Pedro Hispano. É um modelo centrado no doente, muito mais eficaz do que a estrutura clínica dos Serviços, em que todos os doentes médicos são geridos pelo Internista, sendo reservado às outras Especialidades o papel de Consultadoria ou de execução de Técnicas.

O Dr. Eduardo Ruiz (Madrid) trouxe-nos a experiência do Hospital Universitário Príncipe de Astúrias, que tem cerca de 400 camas e no qual há 8 Internistas em dedicação exclusiva à Medicina Peri-operatória. De facto, cada doente internado no Serviço Cirúrgico tem 2 Médicos Responsáveis, o Cirurgião e o Internista. Foi possível demonstrar há Administração do Hospital que este sistema é custo / eficaz, com redução da Demora Média em 10%, da Taxa de Mortalidade em 20% e quase total desaparecimento das Reclamações.

O Dr. Emílio Casariego (SEMI), veio revelar-nos a forma como foi possível em Lugo, criar uma forte ligação com os Médicos de Clínica Geral. Tal foi possível com a ida uma por mês de um Internista a cada Centro de Saúde na influência do Hospital, para tirar dúvidas ou observar casos concretos, para além de ter sido disponibilizado contacto telefónico e eletrónico. O resultado foi a redução em 8% dos pedidos de Consulta de Especialidade no Hospital, para além da retirada da Lista de Espera de casos mais graves a necessitarem de observação urgente.

A Drª Francisca Delerue (Hospital Garcia da Orta – Almada) mostrou-nos a resposta que o seu Hospital encontrou para reduzir o número de doentes na Urgência à espera de vaga no Internamento. A 16-11-2015 iniciou o Programa de Hospitalização Domiciliária, com uma equipa dedicada de Médicos, Enfermeiros e Assistentes Sociais, que tem cumprido com sucesso todos os objetivos.

A Drª Maria Céu Rocha, da Unidade Local de Saúde de Matosinhos veio demonstrar o quanto é importante esta forma de organização de cuidados de saúde, que lhe permitiu montar a sua Unidade Domiciliária de Cuidados Paliativos, já com provas dadas desde 2010. Agora, está entusiasmada com o início do funcionamento da sua Equipa Domiciliária de Doentes Complexos Crónicos, que auguramos vir a ser outro marco de excelência dos cuidados prestados aos doentes.

A Medicina Major Ambulatória foi o conceito que nos trouxe Xavier Corbella (SEMI), que foi implementado no Hospital Bellvitge (Barcelona). Trata-se de um processo similar à Cirurgia Ambulatório, no qual há um copmjunto de respostas tendentes a reduzir a necessidade de internamento hospitalar. São elas, a Unidade de Diagnóstico Rápido, a Unidade de Internamento de Curta Duração e a Hospitalização Domiciliária.

À tarde, foi discutida a formação em Medicina Interna e a atribuição de Idoneidade aos Serviços de Medicina. Tendo por base uma proposta de alteração do Colégio de Especialidade de Medicina Interna, ao documento de atribuição de Idoneidades e Capacidades Formativas, agora em discussão pública, o Dr. João Araújo Correia e o Prof. Armando Carvalho trocaram argumentos, nas perspetivas de Diretor de Serviço e de Presidente do Colégio. A discussão teve ampla participação de todos os presentes.

O Dr. Carlos Monteverde veio mais uma vez reiterar a necessidade de instituir algumas competências atribuídas pela Ordem dos Médicos, que é a única forma de evitar que os Internistas com trabalho durante anos em algumas áreas, não venham a ser impedidos de ver esses doentes ou inibidos na prescrição de determinados medicamentos.
O Dr. Javier Alegria (SEMI) veio dar o testemunho de que em Espanha as competências são atribuídas pelas Sociedades de cada Região Autónoma, e que a sua atribuição implica a Recertificação, que está plenamente instituída.

Ficou no ar a hipótese de os Núcleos de Estudo definirem critérios para atribuição de competências nas suas áreas respetivas. Depois, poderia haver candidaturas daqueles que cumprissem esses critérios, sendo atribuída um “certificado” pelo Coordenador do Núcleo de Estudos e pelo Presidente de Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Este “certificado” , embora careça de valor legal, dado que a atribuição de Competências é pertença exclusiva da Ordem dos Médicos em Portugal, seria uma forma de dar alguma segurança aos Internistas, pois o processo de criação das Competências é lento e repleto de dificuldades.

 

João Araújo Correia
Secretário Geral SPMI
(13/11/2016)