ENIMI aponta caminhos do futuro sem esquecer as bases da Medicina Interna

“Back to basics” foi o tema escolhido pelo Núcleo de Internos de Medicina Interna (NIMI) para o seu 14.º encontro anual, que este ano teve lugar em Viseu. Como o nome indicava, foram revisitados sinais e sintomas, constituídos em síndromes, que é fundamental reconhecer. Associando a clínica aos exames subsidiários e, acima de tudo, o raciocínio clinico, que é a base de trabalho do internista, as sessões tiveram significativo valor científico.

Na sessão de abertura do evento, António José Novais, coordenador do NIMI, realçou a importância desta visão de futuro para a Medicina Interna.

“O ENIMI é um encontro de internos para internos e o tema deste ano nasce do facto de ser necessária uma visão de futuro, com a ambição de sermos melhores médicos, mas ser igualmente importante não esquecermos as raízes do conhecimento e a importância da comunicação com o doente”, disse o médico, que elogiou ainda o dinamismo do núcleo.

António José Novais, coordenador do NIMI

João Araújo Correia, Presidente da SPMI, começou por lembrar que a Medicina Interna é já a maior especialidade hospitalar (14% do total) e que a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) é a maior sociedade científica médica nacional, com mais de três mil associados.

“Mesmo com estes números”, sublinhou, “não tenho qualquer dúvida de que a nossa grande força está nas nove centenas de Internos de Medicina Interna que temos neste momento em formação ”.

Sobre o tema do ENIMI deste ano, destacou a pertinência do tema, realçando que “valoriza o conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos, que é o que nos define como internistas, mas também o raciocínio clínico, que está no ADN dos Internistas”.

João Araújo Correia, presidente da SPMI

Para o futuro, o presidente da SPMI, deixou palavras de incentivo:

“Vivem-se tempos de grandes desafios. Somos dos países mais envelhecidos da Europa, com doentes com múltiplas patologias e polifarmácia, onde o Internista oferece a possibilidade de estar com competência onde o doente precise dele, com um papel preponderante nas equipas hospitalares. As modalidades de ambulatório, com os cuidados aos doentes crónicos complexos e a hospitalização domiciliária são desafios que temos de abraçar. Por tudo isto, o futuro é vosso. Bem vindos à Medicina Interna, onde têm muito para dar, se o trabalho não vos assusta e a Medicina é a vossa paixão”, concluiu.

Também presente nesta sessão esteve Armando Carvalho, Presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Interna, que fez notar que dentro de cinco a seis anos a maior parte dos especialistas de Medicina Interna serão os internos de hoje.

“Esta condição faz com que tenham de ser vocês a definir o futuro da Medicina Interna. E se é verdade que as nossas capacidades fazem de nós uma especialidade central do sistema de saúde, também não tenhamos ilusões de que a maior parte das administrações hospitalares gostam de nós por sermos uma mão de obra competente e barata. Temos de lutar por vincar o nosso papel, valor e estatuto”, concluiu.

Da autarquia de Viseu esteve presente Cristina Brasete, vereadora da educação, juventude e desporto, que realçou a aposta do município na área do desporto, saúde e promoção de uma vida ativa em articulação estreita com o setor social e da saúde.

A terminar, António Correia, Diretor do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, atestou as excelentes qualidades dos Internos de Medicina Interna, congratulou-se com a aposta do NIMI na formação, lançando o repto para que os Internistas mantenham a sua polivalência, “que é a essência da MI, mesmo com o desenvolvimento de áreas específicas do conhecimento”.

08/07/2019