Doenças do fígado: NEDF mostra «a vitalidade da Hepatologia na Medicina Interna»

Armando Carvalho, presidente das X Jornadas do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado (NEDF) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), adianta alguns dos “assuntos relevantes da prática hepatológica” que vão estar em discussão na reunião, que se realiza após o Verão.

“Com base em casos clínicos”, vão ser abordados temas como: fígado gordo, doença hepática autoimune, cirrose e suas complicaçöes, nódulos hepáticos e hepatites virais. Serão também aceites posters, havendo uma sessão para apresentação oral de alguns, selecionados.

O presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos adianta que “pretendemos reunir internistas e internos interessados em Hepatologia para falar da nossa prática, dos problemas que os doentes colocam e do estado da arte aplicável na sua resolução”.

Internistas e investigação em Hepatologia

Ao perspetivar as X Jornadas, Armando Carvalho considera importa lembrar as edições anteriores, “que mostraram a vitalidade da Hepatologia na Medicina Interna, nada ficando a dever a outras sessões científicas do mesmo âmbito realizadas em Portugal”. Assim, na última edição de LIVE Medicina Interna recorda os vários responsáveis pelas anteriores edições.

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Armando Carvalho nas IX Jornadas do NEDF, presididas por Fátima Campante, diretora do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Barreiro Montijo.

Sublinha ainda que, “ao longo dos anos, nas jornadas anuais do NEDF, na nossa prática clínica e na investigação, não restringimos as nossas preocupaçöes e a nossa prática às hepatites virais, que, sendo muito importantes, nem sequer são a causa mais frequente de doença hepática entre nós”.

Por esse motivo, sublinha, “temos estado muito atentos à doença hepática alcoólica, às doenças autoimunes e metabólicas e ao que dominará a investigação em Hepatologia no futuro próximo e tem já grande impacto na clínica: a esteatohepatite não alcoólica e a fibrose hepática, para as quais se esperam novas terapêuticas”.

A propósito da realização das 10.as Jornadas do NEDF, Armando Carvalho, que lidera o Serviço de Medicina Interna A do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, realça o facto de que “os internistas asseguram várias consultas de doenças hepáticas em muitos hospitais do país, integrando ainda as equipas médicas dos três programas de transplantação hepática”.

Por outro lado, na Universidade, destaca três doutoramentos com temas hepatológicos nos últimos anos:

– na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em julho de 2012, do Doutor Rodrigo Liberal (então interno da formação específica de Medicina Interna e agora de Gastrenterologia), com a tese “Effectors and regulators of cellular immune response in autoimmune liver disease”;

– na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em março de 2013, do Doutor Luís Costa Matos (do Centro Hospitalar de Tondela/Viseu e agora professor auxiliar convidado da UBI), com a tese “Estudo da Cinética do Ferro na Doença Hepática Alcoólica. Papel da Hepcidina e das Mutaçöes HFE”;

– e, em janeiro de 2015, da Doutora Adélia Simão (do CHUC e assistente convidada da FMUC), com a tese “Carcinoma hepatocelular: estudo clínico, caracterização bioquímica e marcadores de rastreio e diagnóstico”.

Finalmente, do ponto de vista associativo, e ainda relacionado com o dinamismo da Hepatologia na Medicina Interna, Armando Carvalho realça que, “para além da coordenação do NEDF, assumida sucessivamente pelos Drs. Carlos Monteverde, José Presa Ramos e Maria de Jesus Banza, vários internistas estiveram e estão envolvidos nos corpos sociais da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) e outros fizeram parte dos corpos sociais da Sociedade Portuguesa de Hepatologia (SPH), entretanto integrada na APEF, fruto, em grande parte, da ação de dois internistas”.

(6-06-2016)