Diabetes: Reunião Anual do NEDM realiza-se, este ano, em Olhão

“A Diabetologia devia ser reconhecida como competência”, afirma Carlos Godinho, coordenador regional do Programa Nacional de Controlo da Diabetes. O responsável pela Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna considera que “há muitos profissionais que se dedicam à Diabetologia há imensos anos, que sempre apostaram em formaçöes e que, apesar das mais-valias da sua especialização, não veem a Diabetologia ser reconhecida, pelo menos, como competência”.

“Não digo que seja uma especialidade”, refere Carlos Godinho, mas defende que a Diabetologia devia ser reconhecida como competência: “Não se compreende que isso ainda não tenha acontecido, tendo em conta o flagelo desta doença a nível mundial, quando até áreas mais recentes já são especialidade… Veja-se o caso da Medicina Intensiva que, com todo o mérito é especialidade, mas que tem menos anos que a Diabetologia…”.

diabetes

A propósito do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, criado recentemente pela Direção-geral da Saúde, é de opinião que este programa pode fazer a diferença na área da educação para a saúde “se existir uma boa colaboração entre as autarquias e os CSP…”.

Contudo, considera que, “infelizmente, os programas nem sempre levam a bons frutos, porque existe uma enorme centralização do papel de decisão. Por exemplo, sou coordenador regional da diabetes, mas não tenho poder executivo…”. E sublinha: “É preciso apostar mais na descentralização e na liberdade de atuação das entidades locais.”

Insulinoterapia e pé diabético

Relativamente à reunião do NEDM, agendada para dias 20, 21 e 22 de outubro, e em declaraçöes àJust News, o diretor do Departamento de Emergência, Urgência e Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar do Algarve (CHAlgarve) explica porque motivo o evento começa com dois cursos dedicados à insulinoterapia e pé diabético:

“Antes de mais, são dois aspetos essenciais no tratamento da diabetes. Depois, ainda existem muitas dúvidas, na Medicina Geral e Familiar (MGF), na iniciação da insulinoterapia nos diabéticos tipo 2, na conjugação de determinados fármacos com a insulina, na forma como se pode ajudar uma pessoa a aderir a esta terapêutica, que é inevitável em muitas situaçöes… É sempre importante reforçar os conhecimentos nesta área.”

Quanto ao pé diabético, indica que, “apesar da diminuição das amputaçöes no Algarve – o que é geral no país -, ainda existem dúvidas a esclarecer. Esta área é extremamente crucial para a qualidade de vida da pessoa com diabetes, mas nem sempre é a mais atrativa. Por vezes, é preciso fazer um esforço para se adquirir mais conhecimentos…”

“Olhar com outros olhos determinados sinais”

Uma das temáticas que será desenvolvida no evento é a neuropatia autonómica. Questionado sobre qual a razão por que se fala tão pouco desta comorbilidade, Carlos Godinho afirma que se trata, “de facto, de um problema que, apesar de não por em causa a vida da pessoa, diminuiu bastante a sua qualidade de vida”.

Considera que, “talvez pelo seu menor grau de gravidade, não se dê ainda tanta atenção… Além disso, é uma entidade que se confunde facilmente com sintomas de outras patologias”. Contudo, salienta que “é preciso, sem dúvida, olhar com outros olhos determinados sinais. É o caso da hipotensão postural, das dificuldades digestivas que se devem a gastroparesia, a disfunção sexual, o fígado gordo, entre outros.”