“A 4.ª reunião do NEPRV teve como objetivo atualizar conhecimentos sobre o risco vascular”

As doenças cardiovasculares continuam a ser a maior causa de morte em Portugal, apesar dos avanços alcançados na área. Foi com esta problemática em mente que se realizou a 4.ª reunião do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular (NEPRV) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), no dia 10 de dezembro, em Peniche. Francisco Araújo, coordenador do Núcleo, teve a oportunidade de sumarizar este encontro, cujo principal objetivo sustentou-se na atualização sobre o risco vascular, tendo por base uma “escolha criteriosa de informação, digerida e comentada por pessoas de referência na área”.

A sessão de abertura deste encontro contou com a presença de Diogo Cruz, presidente da reunião, e Lèlita Santos, presidente da SPMI.

“Agradeço a todos os membros da comissão organizadora pelo apoio que me deram ao longo de toda a preparação desta reunião. O núcleo tem 113 membros e temos 148 inscritos na reunião. Aproveito, ainda, a ocasião para dar uma nota de pesar pelo falecimento de Fernando Pádua, uma pessoa que diz muito a muitos de nós”, começou por dizer Diogo Cruz.

“É extraordinário ver o que os núcleos têm feito nos últimos anos, integrados na SPMI. Este núcleo em particular tem tido um crescimento muito grande e, como se vê, tem já muitos sócios. É muito importante que se inscrevam no núcleo. Eu só tenho a agradecer todo o trabalho que este núcleo tem tido. É realmente uma área transversal e que diz muito à Medicina Interna”, disse por sua vez Lèlita Santos.

Nesta edição houve a possibilidade de discutir vários temas: cardiopatia isquémica, insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular e outras disrritmias, diabetes, dislipidemias, AVC e tromboembolismo e hipertensão arterial. “Damos sempre um destaque importante à prevenção, mas existe sempre uma grande atração pelo que é novo, incluindo a avaliação de novas recomendações ou terapêuticas nas diversas áreas”, afirmou Francisco Araújo.

O coordenador aproveitou a ocasião para frisar o aumento das doenças cardiovasculares no país. “Preocupa-nos o aumento de morte cardiovascular na última década em pessoas abaixo dos 65 anos. Também nos preocupa o agravamento no controlo dos fatores de risco vascular e a falta de acompanhamento médico para as doenças crónicas que ocorreu no período COVID-19. Temos agora o reflexo disso, com um agravamento na incidência de doença coronária e cerebrovascular”, alerta o profissional de saúde.

A iniciativa dinamizou, ainda, um debate associado aos trabalhos enviados, onde os cinco melhores resumos/posters foram apresentados na sessão final, tendo sido premiados três trabalhos, com a publicação na próxima edição do year book. O primeiro lugar foi entregue ao trabalho “Colesterol LDL, um alvo inatingível”, de Nuno Queirós, Sílvia Ribeiro de Almeida, Ana Sofia Ribeiro, Marta Escobar Dantas, Mafalda Freitas Osório, Joana Filipa Ferreira e Jorge Andrade; o segundo lugar foi atribuído ao trabalho “Salus – Um dispositivo wearable para a avaliação da saúde cardiovascular”, de João Brito, Helena da Fonseca, Rodrigo Leão e Hugo Alexandre Ferreira; e, por último, o trabalho  “Preliminary results of thrombogenic risk factores in the portuguese population”, de Ana Catarina Alves, Micaela Santos, Marília Antunes e Mafalda Bourbon, foi premiado com o terceiro lugar.

A versão Risco Vascular em 2021/22 foi, também, distribuída pelos participantes que, desta forma, puderam aceder à síntese das publicações mais relevantes nas áreas do risco vascular, com comentários formulados por especialistas da área. A quinta edição do livro contou com a colaboração de outros núcleos de estudos da SPMI, nomeadamente o Núcleo da Insuficiência Cardíaca, AVC, Diabetes, Nutrição e Doenças Tromboembólicas.

Apesar de ser um encontro científico dedicado às doenças cardiovasculares, a criatividade não foi esquecida no ambiente médico. À semelhança das restantes reuniões, foi possível direcionar um momento à cultura, sendo o destaque deste ano a fotografia.

Para finalizar, o foco esteve no futuro, onde Francisco Araújo traçou três objetivos a cumprir.

“Aumentar o conhecimento por parte da população geral dos riscos que existem e das modificações de estilo de vida que permitem ter um envelhecimento mais saudável. Estamos a viver mais, mas com má qualidade. Em segundo, o diagnóstico mais precoce dos doentes em risco. Julgo que a imagem ditará o futuro, estabelecendo critérios para diagnóstico de doença cardiovascular subclínica, implicando o reforço terapêutico nesses doentes. E, por fim, generalizar a avaliação global do risco no doente, estabelecendo metas e cumprindo as terapêuticas que permitam o controlo dos diversos fatores de risco de uma forma mais eficiente”.

(12/12/2022)