Webinar “Quedas nos Idosos” reflete desafios da especialidade

“Todos os idosos têm elevado risco de queda”, alerta Sofia Duque

“Quando estamos perante uma pessoa idosa temos de automaticamente assumir que é uma pessoa com elevado risco de quedas. E logo, a partir desse momento, há que fazer uma avaliação completa de todos os fatores de risco pois muitos podem ser corrigidos”. As palavras de advertência chegam pela voz de Sofia Duque, médica internista e uma das mentoras principais que promoveu a realização do webinar “Quedas nos Idosos”, no passado mês de fevereiro.

Organizado pelo Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), o presente encontro teve como principal objetivo promover uma reflexão multidisciplinar sobre a temática.

“A nossa iniciativa tinha como público-alvo os médicos internistas da nossa sociedade científica, em particular aqueles que têm um interesse especial pela geriatria e que prestam especificamente cuidados a pessoas idosas, no entanto assistimos aa um grande interesse por parte de toda a comunidade de profissionais de saúde que prestam cuidados a idosos, desde médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais a nutricionistas”, começou por revelar Sofia Duque indicando que se registaram “mais de 1100 inscrições, com 500 pessoas a participar em tempo real no dia do webinar”.

Para a coordenadora do NEGERMI não há dúvidas de que a forte adesão é reveladora de que “há um reconhecimento global dos profissionais de saúde de que este é um problema importante”.

Independentemente da causa, a queda, sublinha a profissional de saúde, requer sempre máxima atenção dentro e fora do meio hospitalar.

“A queda é sempre importante, mesmo quando parece não haver nenhuma consequência. Às vezes são as próprias pessoas idosas que a menosprezam pois acham que cair é normal e uma consequência do envelhecimento acabando por nem se queixarem aos profissionais de saúde nem aos familiares”, retrata advertindo que “mesmo inconscientemente pode ter repercussões graves pois uma pessoa fica com medo de cair e de sair à rua entrando, consequentemente, numa espiral de um ciclo sedentário cada vez maior que vai levar ainda a um descondicionamento físico que por sua vez é sinónimo de maior risco de queda”.

Sublinhando que “um dos fatores de risco de queda que é muito relevante, em particular para os médicos, é a polimedicação e o consumo de medicamentos associados à ocorrência de quedas”, Sofia Duque lembra que “há outros fatores como os problemas do equilíbrio e da marcha, os problemas sensoriais como o campo de visão, os problemas de força são fatores de risco que podem ser corrigidos com as intervenções apropriadas”.

Para Sofia Duque urge uma mudança de paradigma na abordagem clínica desta problemática.

“Devemos logo à partida considerar que todos os idosos têm elevado risco de queda, e portanto, automaticamente, ao invés de estarmos a perder tempo a avaliar o risco devemos é implementar medidas de prevenção de quedas. Esta é uma mudança de paradigma que ainda não aconteceu em Portugal… Os idosos deveriam ser logo considerados pessoas de risco. Quando uma pessoa idosa entra na consulta automaticamente dever-se-ia avaliar que é uma pessoa que tem um elevado risco de queda”, concluiu.

(09/02/2022)