Vila Real recebeu reunião do NEDAI mais participada de sempre

Vila Real recebeu reunião do NEDAI mais participada de sempre

O Núcleo de Estudo de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) organizou durante o último fim de semana a sua 24.ª Reunião Anual na cidade de Vila Real. Confirmando a validade da aposta numa geografia que normalmente está fora do circuito das reuniões científicas, o evento foi o mais participado de sempre na história do NEDAI, contando com mais de 340 participantes, tendo tido também o maior número de inscrições de trabalhos científicos.

Na sessão de abertura do evento, Elisa Serradeiro, presidente da reunião deste ano, sublinhou que o NEDAI tem crescido ao longo dos anos, congratulou-se pelo dinamismo que os mais jovens continuam a dar ao núcleo da SPMI e sublinhou a importância do tema junto dos internistas.

“As doenças autoimunes são cada vez mais e o seu caráter sistémico é apaixonante e desafiante para os internistas. Isso torna cada vez mais importantes estes encontros e é com agrado que confirmo que nesta edição foi submetido o maior número de trabalhos de sempre e o maior número de inscrições, prova de que o NEDAI está ativo e mais dinâmico do que nunca.”

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, realçou que este tipo de reuniões é extremamente importante, sobretudo no âmbito da formação clínica e para que se possa dar uma resposta ao nível do atual desenvolvimento da Medicina.

“A Medicina evolui rapidamente, as doenças autoimunes são disso um bom exemplo, e é por isso fundamental a formação adequada e o interesse dos mais jovens, pois sem eles perdemos por completo a capacidade de inovação”, afirmou o bastonário, que destacou ainda a necessidade em fixar médicos em regiões fora dos grandes centros, como é o caso de Vila Real, e identificou o grande desafio que a Medicina enfrentará num futuro próximo:

“Temos de preservar a relação médico-doente e a humanização dos cuidados de saúde deve ser uma prioridade. A tecnologia está a crescer a uma velocidade espantosa, mas temos de a colocar ao nosso serviço no sentido de melhorar a relação médico-doente.”

Também presente no arranque da reunião, Luís Campos, presidente da SPMI, deu os parabéns ao NEDAI e ao serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) pela organização em Vila Real, fazendo notar que “os núcleos de estudos são a alma e a expressão da dinâmica da SPMI” e que “o NEDAI é o seu maior expoente”.

“Vamos na XXIV reunião e o NEDAI tem conseguido garantir um registo de doenças autoimunes que é extremamente importante em termos de demonstração da nossa atividade e fonte de conhecimento: tem apostado na formação, tem incentivado a investigação, e tem conseguido também manter e apoiar uma rede de consultas de doenças autoimunes de responsabilidade da Medicina Interna e que são o garante do acesso nacional e equitativo destes doentes a terapêuticas inovadoras”, frisou Luís Campos, que acrescentou que o campo das doenças autoimunes é ilustrativo do caminho que defende para a Medicina Interna.

“Os serviços de Medicina têm de ter uma visão holística, mas ainda assim saber acolher os vários fenótipos de ser internista. Temos de preservar uma abordagem holística na interação com os doentes, mas é importante termos pessoas diferenciadas em determinadas áreas. É a existência destas unidades que potencia a formação e a investigação. Saber acolher estes fenótipos enriquece a capacidade do serviço de Medicina e a sua capacidade de resposta”, declarou, terminando com uma nota sobre a necessidade de repensar o sistema atual de cuidados de saúde.

“Temos cada vez mais idosos. Somos um dos países onde a população idosa vai crescer mais, mas também uma população muito doente, com pessoas com várias doenças crónicas e que não podem ser observadas por hiperespecialistas, mas antes por um médico que coordene o tratamento e a abordagem com outras especialidades. Por isso, o atual modelo está ultrapassado”, concluiu.

Em representação do CHTMAD, João Oliveira, presidente do Conselho de Administração daquela unidade, realçou o rejuvenescimento que o serviço de Medicina Interna tem registado, deixando elogios aos profissionais que ali trabalham.

“Tentamos ser suficientemente aliciantes para chamar jovens médicos e os contratar, o que nem sempre é fácil pela condições que conseguimos oferecer. Mas devo dizer que Medicina Interna tem feito um trabalho fantástico, também no campo das doenças autoimunes, e estamos a cobrir as necessidades da população, sobretudo por mérito dos profissionais que aqui trabalham.”

A terminar, António Marinho, coordenador nacional do NEDAI, felicitou o núcleo pela capacidade de mobilização e participação, elogiou a escolha de Vila Real para receber o evento e a quantidade de jovens internistas presentes na plateia, e deixou uma mensagem clara à comunidade médica presente:

“Para aqueles que pensam que a autoimunidade é um direito exclusivo de copyright, esta sala cheia mostra que isso não é verdade e que estão errados.”

Na sessão de abertura estiveram ainda presentes Paula Vaz Marques, diretora do Serviço de Medicina Interna do CHTMAD, e Eugénia Almeida, vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real.

A XXIV Reunião Anual do NEDAI teve como alguns dos temas em debate a nefrite lúpica, a esclerose sistémica, as doenças autoimunes muito raras, as miopatias inflamatórias, e deu ainda espaço para sessões da indústria farmacêutica, onde foram apresentados alguns dos tratamentos mais inovadores atualmente disponíveis.

(17/04/2018)