Unidade de Hospitalização Domiciliária da Madeira: «A realização de um sonho tornado realidade»

Dra. Maria da Luz Brazão

“Temos tido um excelente feedback dos utentes e familiares/cuidadores e sinto a equipa muito motivada para continuar, o que é um sentimento cada vez mais raro nos dias de hoje”, afirma Maria da Luz Brazão, coordenadora da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do SESARAM – Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira.

Em declarações à Just News, a médica de Medicina Interna esclarece que toda a equipa partilha da mesma opinião quanto aos cuidados prestados ao longo destes cinco meses de atividade: “Fazemos um balanço muito positivo.”

E acrescenta: “Logo no início de atividade da nossa UHD, foi traçado o objetivo de até 31 de dezembro de 2023 termos 150 doentes em casa. Neste período de funcionamento, internamos um total de 60 doentes e tivemos uma demora média de cerca de 8 dias.”

“Telemonitorização: uma mais-valia”

A internista, que é também diretora do Serviço de Medicina Interna do SESARAM, recorda o início do processo:

“Após um longo período de preparação, a Unidade de Hospitalização Domiciliária do SESARAM iniciou finalmente funções no dia 3 de março de 2023. Neste dia, comemoramos a realização de um sonho tornado realidade, a concretização do grande desafio que foi levar o Hospital Central do Funchal a sair de suas portas e entrar na casa dos utentes do serviço Regional de Saúde.”

De acordo com Maria da Luz Brazão, duas semanas mais tarde “iniciamos em todos os doentes a telemonitorização, que foi uma mais-valia, pois trouxe-nos uma muito maior segurança para o doente em casa”. Desta forma, “em tempo real, temos à distância, quer nos nossos telemóveis, quer no computador fixo ou portátil, acesso aos sinais vitais do doente (tensão arterial, temperatura eletrocardiografia de 3 derivações, peso, BMTest e metros percorridos na sua casa).”

Os benefícios deste modelo de internamento não ficam por aqui. A médica indica ainda que “a telemonitorização dá-nos também a possibilidade de vídeo chamada para um contacto mais próximo com o doente”.

Equipa multidisciplinar, 7 dias por semana

E quanto ao seu funcionamento? “A UHD do SESARAM tem critérios de inclusão e de exclusão bem definidos e funciona 24 h por dia, 7 dias por semana, nos 365 dias do ano, com apoio medico e de enfermagem permanente”, explica Maria da Luz Brazão.

Além do médico e do enfermeiro, “nos cuidados ao doente estão envolvidos assistentes sociais, farmacêuticas, nutricionistas e, quando necessários, psicólogos ou profissionais de outras áreas técnicas, integrados numa equipa multidisciplinar”.

A responsável refere também que “o nosso modelo de UHD é um modelo misto, ou seja, “substitui completamente a admissão de doentes, referenciando-os diretamente do serviço de urgência e/ou da comunidade e facilita a redução da estadia hospitalar, recrutando os doentes nas enfermarias através de altas precoces”.

Esta valência funciona no piso 5 do Hospital Dr Nélio Mendonça, “onde partilha recursos humanos, materiais e espaços, com o sector de Medicina Interna presente neste hospital e sedeado neste piso”.

Francisca Delerue (Presidente do 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária) e Delfim Rodrigues (Coordenador do Programa Nacional de Implementação das Unidades de Hospitalização Domiciliária nos Hospitais do SNS) com elementos da equipa da UHD do SESARAM

1.ª visita em 24 horas

Os pedidos de admissão são realizados por referenciação à UHD através de email, telefone fixo ou telemóvel, “seja em contexto de programa de transferência de doentes, ou através de nova admissão”.

Uma vez referenciado, o doente é observado pela equipa médica e de enfermagem e se tiver critérios clínicos, segue-se a atuação da Assistente Social. “No final, se respeitar critérios clínicos, geográficos de habitabilidade, existência de Cuidador e se o doente e familiar concordarem, assinam o consentimento informado e o doente vai para o domicílio”, indica Maria da Luz Brazão, garantindo que “a equipa assegura a primeira visita nas primeiras 24 horas”.

Quanto ao futuro, e tendo em conta a “grande motivação e alegria de todos os elementos da equipa”, Maria da Luz Brazão deixa uma certeza: “Queremos sair do concelho do Funchal e levar este serviço a um maior número de Utentes.” Nesse sentido, “contamos em breve ter à nossa disposição uma segunda viatura, que nos permita alargar estes cuidados de saúde a quem tanto necessita.”

In Just News
10 de agosto de 2023