SPMI destaca “excelência científica” do CEMI realizado em Lisboa e fala em “novo ciclo”

No fechar de portas do Congresso Europeu de Medicina Interna (CEMI), que Lisboa acolheu durante três dias, João Araújo Correia elogiou o programa científico da reunião e destacou que o evento em Lisboa pode marcar um novo ciclo para a European Federation of Internal Medicine (EFIM).

“Este congresso encerra uma mudança extraordinária e espero que seja um passo em frente para a EFIM. Por um lado, pelo número de participantes, que ascendeu a mais de dois mil, e que espero que em 2021 possa crescer em Málaga, ficando Lisboa associada ao nascer duma nova vida para a EFIM. Por outro lado, é de realçar um verdadeiro upgrade científico do programa, algo que foi visível nas salas cheias, e que prova que a aposta em temas importantes, abordados com profundidade, o interesse existe”, afirmou o presidente da SPMI.

Já Luís Campos, presidente do CEMI, considera que este foi um congresso “fantástico”.

“Conseguimos construir um congresso sem falhas e em que os temas e palestrantes foram todos do mais elevado nível e corresponderam plenamente às expectativas”, disse o também antigo presidente da SPMI.

Para o especialista, este congresso foi uma “oportunidade de atualização e reflexão dos temas que gravitam em torno da Medicina Interna”, mas também uma oportunidade para os internos “apresentarem trabalhos e reforçar o sentimento de união e comunidade entre os internistas”.

Luís Campos, Presidente do CEMI, e João Araújo Correia, presidente da SPMI

Alguns dos temas em destaque no último dia do CEMI pela visão do presidente da SPMI, João Araújo Correia:

O impacto das mudanças ambientais na saúde

“A questão do ambiente é uma questão de saúde. Por um lado, porque as alterações climáticas são responsáveis por mais doenças, como a malária e outras infeções víricas, assim como doenças provocadas pela fraca qualidade do ar que respiramos, mas também porque os médicos são considerados como os maiores influenciadores da opinião pública, que podem levar á adoção de novas políticas. As alterações climáticas estão a acontecer hoje e é preciso fazer algo, até porque está perfeitamente demonstrado que os ganhos em saúde compensam, financeiramente falando, todo o custo da mudança para processos mais ecológicos.”

Infeção hospitalar e o problema da multirresistência

“Estou muito satisfeito com os resultados que foram mostrados nesta sessão e que dão conta de uma redução de mais de 5% das infeções hospitalares em cinco anos com a instituição de uma série de medidas estruturais, desde a lavagem das mãos até uma melhor política de antibióticos. É um valor que ainda assim nos deixa margem para melhorar, mas é um impulso muito positivo.”

A inovação que parte dos pacientes

“É muito importante relembrar que, quer os médicos quer a indústria, não podem menorizar quem tem as necessidades. O doente, que tem um handicap, tem de ser ouvido. Nem todas as ideias serão exequíveis, mas as que são, com o devido acompanhamento médico, devem conhecer a luz do dia. A ideia pode vir do doente, validada por um medical report, porque todos são importantes no caminho da inovação, para encontrar respostas ás necessidades sentidas.”

Coagulação oral

“É necessária uma visão sensata e a mensagem passada é de que quando estamos numa área de prevenção temos necessariamente de ponderar os riscos e benefícios da terapêutica no doente concreto, não seguindo cegamente o que nos dizem as guidelines.”

(31/08/2019)