Núcleo de Estudo de Geriatria reunido para abordar os cuidados no idoso

O Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI) está a realizar em Aveiro, entre os dias 16 e 18 de novembro, a sua 2.ª reunião, este ano dedicada à “Prevenção em Geriatria”.

A sessão de abertura do evento contou com a presença do coordenador do GERMI, Gorjão Claro, que salientou na sua intervenção que a Geriatria tem vindo a crescer no nosso país, aproximando-se paulatinamente da realidade europeia, “onde tem um papel cada vez mais importante na formação médica e assistência aos doentes idosos”.

Luís Campos, presidente da SPMI, foi outra das presenças na reunião, tendo começado por frisar que os núcleos são a expressão da força e dinâmica da Medicina Interna, assim como a melhor ilustração da diversidade fenotípica dos internistas.

“O futuro da Medicina Interna depende da nossa capacidade de manter a nossa matriz de valência holística e acomodar estas áreas de diferenciação, que ampliam a capacidade de resposta dos serviços, melhoram a qualidade dos cuidados, permitem formação específica e alavancam a investigação”, afirmou Luís Campos, esclarecendo que a Geriatria é uma destas áreas.

“A Geriatria está em crescimento e tem um campo de conhecimento vasto e especifico, devendo ser uma área de competência mas não uma especialidade. A criação de novas especialidades num modelo que não é o modelo de tronco comum do resto da Europa tem um profundo efeito de fragmentação nos cuidados e reduz muito a flexibilidade da gestão dos recursos humanos”, defendeu.

O presidente da SPMI lembrou em seguida a “invasão” dos hospitais pelos idosos com multimorbilidades, para quem a organização atual dos hospitais, dividida em silos dedicados a órgãos ou sistemas, é desadequada.

“Defendemos uma organização departamental, onde os internistas tomem conta destes doentes, coordenando a intervenção de outras especialidades”, esclareceu o internista, acrescentando que são também necessários programas de cogestão com os serviços cirúrgicos, “uma vez que, atualmente, os internistas só são chamados quando os doentes descompensam, em geral, tarde demais”.

A terminar, Luís Campos frisou ainda a necessidade de fazer progredir a área da Medicina Ambulatória.

“Temos também que criar alternativas ao internamento, seja através de uma melhor utilização dos hospitais de dia, de programas de hospitalização domiciliária ou de unidades de diagnóstico rápido. E queremos também liderar outra reforma, talvez a mais importante: a integração de cuidados”, disse o presidente da SPMI, concluindo que atualmente os cuidados aos doentes crónicos são “fragmentados, episódicos, reativos, baseados nas urgências e centrados na doença”, um cenário que a Medicina Interna se propõe a alterar, em conjunto com a MGF e com as outras profissões de saúde.

Já depois das intervenções de Mário Pinto, assessor do Presidente da República, e de Miguel Capão Filipe, vereador do pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Aveiro, Teixeira Veríssimo, presidente do Colégio de Competência de Geriatria da Ordem dos Médicos (OM), reconheceu que estão a ser dados passos largos na Geriatria e que a criação desta competência na OM é a prova disso mesmo. Apesar dessa evolução, defendeu o reforço desse investimento, nomeadamente através da formação:

“Os idosos são pessoas com particularidades que quem trata deve conhecer. E para isso é necessária formação, sobretudo no ensino pós-graduado”, disse Teixeira Veríssimo, que defendeu também que a diferenciação é o caminho a seguir e que a Geriatria deve agregar e não dispersar recursos, colocando-se também contra a criação da especialidade de Geriatria.

(16/11/17)