Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus da SPMI apresenta resultados do estudo DIAMEDINT 2

O Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) levou a cabo o estudo DIAMEDINT 2, que avaliou o perfil e a prevalência dos doentes internados em serviços de Medicina Interna do país.  Os resultados foram apresentados no 24.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que decorreu entre os dias 31 de maio e 3 de junho, no Algarve. Em entrevista ao My Diabetes, a Dr.ª Conceição Escarigo, autora da investigação, sintetiza os principais resultados obtidos. Assista ao vídeo.

Este estudo surge após o DIAMEDINT 1, cujos resultados foram apresentados no 22.º Congresso Nacional de Medicina Interna, e que envolveu 31 dos 42 serviços de Medicina Interna do país e um total de 126 investigadores, aos quais foi pedido que preenchessem uma base de dados com vários indicadores. A recolha de dados foi realizada no dia 15 de março de 2016.

Já o DIAMEDINT 2 envolveu 38 serviços de Medicina Interna do país, incluindo um total de 167 investigadores, tendo os dados sido recolhidos a 20 de setembro de 2018. De um total de 2651 doentes hospitalizados, 772 doentes eram diabéticos (96% com diabetes tipo 2), estando em média internados há 11 dias.

A distribuição por género foi semelhante e a idade média foi de 77,5 anos. A maioria (70%) mantinha seguimento no médico de família. 79% dos doentes eram provenientes do domicílio e 40% eram autónomos.

Relativamente à avaliação dos dados clínicos da população diabética apurada, a grande maioria apresentava uma ou mais comorbilidades, sendo a hipertensão arterial, a dislipidemia e a obesidade as mais frequentes. Apenas 6,5% não tinha qualquer fator de risco conhecido. 28% dos doentes tinha mais de 10 anos de diagnóstico da doença e 31% dos doentes não conseguiu quantificar o tempo de evolução da doença.

Em 24% dos doentes não havia lesão de órgão alvo (LOA) estabelecida e em 24% dos doentes não havia LOA descrita. A LOA mais frequente foi a nefropatia diabética. No que se refere ao controlo metabólico prévio, apurou-se que 24% dos doentes tinham HbA1c>8%, sendo os jovens entre os 22-30 anos aqueles com pior controlo metabólico (HbA1c 11%).

A patologia cardiovascular (28%) e a patologia respiratória (25%) destacam-se como principais motivos de internamento. A pneumonia (33%) e a insuficiência cardíaca (33%) constituíram os diagnósticos principais e secundários mais frequentes.

No que se refere à terapêutica em ambulatório, a maioria dos doentes estavam medicados apenas com antidiabéticos orais (61%) e cerca de metade encontravam-se em monoterapia (52%). Dos doentes medicados com antidiabéticos orais (ADO), 60% faziam apenas uma classe de ADO. A medicação mais frequente foi a metformina (52%), seguida de iDDP-IV (38%). 31% dos doentes estavam sob insulinoterapia.

Relativamente à terapêutica em internamento, 53% estavam medicados com insulina; 2% estavam medicados com ADO e insulina basal; 5% estavam medicados com ADO e insulina basal7bólus; 46% apenas estavam medicados com insulina; 4% estavam apenas sob ADO; 3% não tinham terapêutica prescrita; 40% tinham apenas esquema de slide scale.

DIAMEDINT 1 versus DIAMEDINT 2

Avaliando os resultados entre o DIAMEDINT 1 e o DIAMEDINT 2, não se verificam diferenças entre as características sociodemográficas, tipo de diabetes, controlo metabólico, comorbilidades e lesão de órgão alvo entre os dois estudos.

Na terapêutica em ambulatório, em ambos os estudos a metformina foi o fármaco mais utilizado e 31% dos doentes estavam sob insulinoterapia nos dois DIAMEDINT.

Em relação ao motivo de internamento, os grupos nosológicos das patologias respiratória e cardiovascular mantiveram-se como os mais prevalentes. A insuficiência cardíaca e a pneumonia foram os diagnósticos mais frequentes.

Relativamente à terapêutica de internamento, houve menor percentagem de doentes medicados com insulina no DIAMEDINT 2. Houve ainda neste último estudo um aumento importante do uso de slinding scales. Não houve diferença na percentagem de doentes sem terapêutica prescrita durante o internamento.

Mensagens para o futuro

Como mensagens importantes a retirar do estudo DIAMEDINT 2, os investigadores sublinham que é necessário melhorar os registos clínicos e aplicar melhor as recomendações da abordagem da hiperglicemia no internamento.

Os autores frisam ainda que o sliding scale não é um esquema terapêutico e que os antidiabéticos orais devem ser usados em internamento em situações controladas.

Consulte aqui a apresentação dos principais resultados.

(mydiabetes.pt)