Notícia | Abordagem na IC: Como é que eu faço?

Abordagem na Insuficiência Cardíaca: Como é que eu faço?

“Os diuréticos são fármacos basilares no tratamento da insuficiência cardíaca”, afirmou Joana Pimenta, internista no Centro Hospitalar Universitário de São João. Contudo, alertou para a utilização destes fármacos “a otimização da terapêutica diurética pode ser um desafio, particularmente nos doentes com IC avançada e/ou doença renal”.

Segundo Joana Pimenta, para uma adequada utilização dos diuréticos “o uso deve ser individualizado e adequado a cada doente e às circunstâncias particulares de cada momento da história natural da doença.”

Em torno da mesma temática, Irene Marques, internista e coordenadora do GEstIC, abordou o tópico “Abordagem na insuficiência cardíaca: como trato os doentes com insuficiência renal e HFrEF?”, afirmando que “a insuficiência renal é uma comorbilidade frequente dos doentes tratados pelos internistas e dos doentes com insuficiência cardíaca, que são maioritariamente idosos.”

A internista, aproveitou para deixar algumas recomendações para a terapêutica: “em contexto de IC aguda, a maioria dos doentes apresenta-se com perfil hemodinâmico congestivo. Se apresentarem Insuficiência Renal (IR) devem ser tratados com diurético endovenoso em doses altas, eventualmente associado a metolazona, e vasodilatador.” Por sua vez, em contexto de “IC crónica com FEr, a terapêutica do doente com doença renal crónica deve seguir as recomendações internacionais, introduzindo IECAs, ARA II, betabloqueadores, antagonistas dos mineralocorticoides, sacubitril/valsartan, ivabradina e implantação de dispositivos cardíacos de ressincronização e/ou cardiodesfibrilhação, tal como nos doentes sem DRC.”

Ainda nesta sessão, com o tema “Como trato dos diabéticos com HFrEF’”, Pedro Moraes Sarmento, especialista em Medicina Interna, no Hospital da Luz, em Lisboa, alertou para a principal causa de internamento médico em adultos com mais de 65 anos: a insuficiência cardíaca. E acrescentou “a diabetes é um dos principais fatores de risco para o continuum cardiovascular, em particular para o desenvolvimento de IC, bem como uma das principais comorbilidades desta síndrome.”

O internamento hospitalar do doente com insuficiência cardíaca é ainda visto de forma negativa. No entanto, referiu “a abordagem mais recente do tratamento da insuficiência cardíaca, com fração de ejeção reduzida (ICFer)”, em que pediu o contributo da Medicina Interna para transformar a hospitalização do doente com ICFEr numa oportunidade de melhorar o prognóstico destes doentes.

O internista destacou ainda dois estudos que contribuíram para a investigação da doença continuum cardiovascular (CV). O estudo EMPA-REG OUTCOME, em que a empagliflozina, uma nova classe de antidiabéticos orais, consegue um controle metabólico eficaz associado a uma redução da mortalidade CV em doentes diabéticos e o estudo DAPA-HF que veio demonstrar, de forma surpreendente, que dapagliflozina reduz significativamente a mortalidade CV em doentes com ICFEr, independentemente da presença de diabetes.

A “Abordagem na Insuficiência Cardíaca: Como é que eu faço?” foi presidida por Emílio Casariego Vales, presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Interna, moderada por Paula Bettencourt, coordenador da Unidade de Medicina Interna, Hospital CUF Porto, onde também apresentou a temática “Como faço o diagnóstico?”.