NEGERMI reuniu para debater doença cardiovascular no idoso

Pela terceira vez desde a sua criação, o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (GERMI) promoveu uma reunião anual, este ano centrada no tema “Envelhecimento cardiovascular: as várias faces da doença cardiovascular no idoso”.

 

João Gorjão Clara, coordenador do GERMI, confirmou que a área do risco cardiovascular no idoso é extremamente importante.

“As doenças do coração e do cérebro são as que mais vitimam os idosos. Logo, a estratégia a aplicar, quer no tratamento quer na prevenção, é objeto de grande discussão e vale a pena ser explorada pelos internistas”, disse o especialista, que em termos mais genéricos explicou a importância da Geriatria.

“O número cada vez maior de doentes idosos obriga a que tenhamos a obrigação de fazer mais no tratamento destes doentes. Os internistas não tratam mal os doentes idosos, mas é preciso otimizar essa assistência. E quem melhor do que os internistas para o fazer”, reconheceu o médico, frisando que “o doente idoso é um doente muito particular do pontos de vista fisiológico e que no final da sua vida sofre alterações que condicionam a aplicação de terapêutica, a escolha dos fármacos e a sua dose, além da perceção dos seus sintomas, por vezes muito difícil de fazer devido às múltiplas patologias de que padecem”.

João Gorjão Clara, coordenador do GERMI

Sobre o papel que a Medicina Interna pode ter neste campo, João Gorjão Clara elogiou a “coragem” da especialidade em reconhecer a relevância que esta área assume na Medicina atual.

“Foi uma atitude muito inteligente e corajosa da Medicina Interna reconhecer a importância da Geriatria, ainda para mais numa altura em que muitos tinham relutância em fazê-lo. A Medicina Interna abriu as portas à Geriatria com a criação do núcleo de estudos e, recentemente, com a criação da competência em Geriatria”, afirmou, considerando ainda que, “ao contrário do que se pensa, a Geriatria não vai retirar a importância à Medicina interna, que é de longe a especialidade mais importante de todas as especialidades e suporte de todos os hospitais pela sua competência e conhecimento abrangente”.

Lèlita Santos, vice presidente da SPMI, foi uma das presenças na sessão de abertura da 3.ª Reunião do GERMI e sublinhou o orgulho pelo trabalho que tem sido feito por este núcleo.

“É sempre com muita honra e muito orgulho que a SPMI apoia e está presente nas reuniões dos seus núcleos. Este, em particular, é dos mais importantes, não só pelo tipo de patologias e doentes que acompanha, mas por ser um dos mais antigos e que tem sempre grande motivação e dinamismo nas suas atividades”, sublinhou.

Rafela Veríssimo, João Gorjão Clara e Marco Ribeiro Narciso, do GERMI

Pedro Marques da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) e coordenador do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular, destacou a importância da Geriatria como área de estudo e manifestou o desejo de uma colaboração estreita.

“Tendo em conta a importância que o idoso e o doente muito idoso têm na nossa prática, tenho a esperança que a SPA e a SPMI possam efetivamente trabalhar em conjunto para determinar as ações a tomar em termos de prevenção e ação terapêutica.”

Manuel Teixeira Veríssimo, presidente do Colégio da Competência de Geriatria da Ordem dos Médicos, foi outro dos presentes em Tomar e reforçou a importância da Geriatria no domínio da saúde em Portugal.

“Esta é uma área muito importante e hoje não se pode falar em saúde sem falar no doente idoso, particularmente na área cardiovascular. A Geriatria é hoje fundamental e todas as especialidades devem acompanhar o conhecimento nesta área, pois tratam-se de doentes com particularidades que outros mais novos não têm. Se não tivermos esta noção por certo não estaremos a tratar bem os nossos doentes”, analisou o responsável pela criação da Consulta de Geriatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que deixou ainda outra mensagem no sentido de cada vez mais reconhecer a relevância da Geriatria.

“A competência em Geriatria e o seu reconhecimento é pouco, mas ainda assim um passo importante para oficializar a sua importância e atribuir a qualificação para o desempenho em determinadas funções. Precisamos de avançar muito e as doenças do envelhecimento são um problema global que merece a preocupação de todos. Assim, é importante o trabalho desenvolvido pelo GERMI pelo destaque dado à Geriatria e pelo esforço junto de outras especialidades para que deem a devida atenção a esta área”, concluiu.

(18/03/2019)