NEDVP defende multidisciplinariedade e aposta na prevenção

Teve lugar no último fim de semana, em Lisboa, a IV Reunião Anual do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Pulmonar (NEDVP) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

O tema escolhido para este encontro foi “Convergências na Doença Vascular Pulmonar” e Abílio Reis, coordenador do NEDVP, explicou que a escolha do tema teve por fundamento a necessidade de trabalhar de equipa.

Rute Caçola, Hugo Clemente, Melanie Ferreira, Abílio Reis, Carolina Guedes e José Meireles

“A multidisciplinaridade é fundamental nesta área. Connosco estão a Medicina Interna, a Oncologia, a Medicina Nuclear, a Radiologia e a Cardiologia, embora reconheçamos que aqui ainda faltam a Pneumologia e a Cirurgia Vascular”, começou por afirmar o internista, que em seguida se debruçou sobre a realidade nacional do tromboembolismo venoso (TEV)

“O TEV continua a não ser alvo de suspeita, mesmo em exames de autópsia. Sabemos que a doença tem um grande peso, mas é com tristeza que registo que não temos dados da vida real. Em termos de mortalidade, as consequências não são imediatas mas aparecem alguns anos mais tarde e temos de estar atentos para essa realidade. Por isso”, sublinhou o médico, “o doente que tenha tido um TEV tem de ser seguido até que tenhamos a certeza de que não há nada subjacente e que não há consequências futuras”.

Abílio Reis lembrou ainda as incapacidades provocadas pelos síndromes pós trombóticos, a nível funcional, de qualidade de vida e produtividade, frisando que “são custos para a sociedade”. Por isso mesmo, terminou, “um alerta que quero deixar é o da prevenção. Temos de trabalhar por melhor organização, para implementar medidas de prevenção e de rotina”.

Internistas estão na linha da frente do TEV

Carolina Guedes, membro do secretariado do NEDVP e internista da Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, no Porto, considerou que os internistas são a linha da frente na gestão do TEV. Por isso, defendeu que sejam os internistas a liderar a implementação das estratégias necessárias.

“O TEV é uma patologia altamente frequente, que a Medicina Interna trata, tanto em consulta como no internamento, e na urgência. Por isso, somos nós que temos de assumir a prevenção, o diagnóstico e o tratamento, assim como faz todo o sentido que sejamos nós a liderar o processo das atualizações e das várias iniciativas para a população.”

Sobre a IV Reunião do NEDVP, a especialista de Medicina Interna destacou a importância da mesa sobre trombose e cancro, “onde no último ano têm sido conhecidos vários estudos”, e a hipertensão pulmonar tromboembólica crónica, que considerou tratar-se de uma complicação subdiagnosticada em Portugal e onde têm aparecido novidades no tratamento.

(15/10/2018)