Não fiques parado, faz alguma coisa- Angústias- COVID-19

Covid-19: ainda há um longo caminho a percorrer?

“Nestes tempos de pandemia, em resultado dos esforços realizados por múltiplas entidades, assistimos a uma grande proliferação de informação, difícil de acompanhar, filtrar e valorizar adequadamente”, observou André Santa-Cruz João, especialista em Medicina Interna, na sessão “Não fiques parado, faz alguma coisa! – Angústias Covid-19”, onde apresentou o tema “Estratégias farmacológicas”, durante a tarde de sábado.

Mesmo com a melhoria no controlo da transmissão da infeção ou a comercialização de uma boa vacina, o especialista considerou que, continuarão a ser necessárias armas terapêuticas eficazes perante a doença, tanto na redução da mortalidade, como na melhoria de vários outros outcomes como o tempo de internamento ou a necessidade de ventilação.

E acrescentou “até agora, remdesivir e corticosteróides parecem ser os fármacos mais promissores entre aqueles que possuem, respetivamente, uma ação antivírica direta e efeito imunomodulador”.

Não obstante, André Santa-Cruz João, considerou que atualmente, o número de estudos controlados e randomizados com resultados publicados situa-se ainda na casa das três dezenas, o que, tendo em conta o número de fármacos propostos, é claramente insuficiente para se obter um grau sólido de evidência. “Mesmo aqueles medicamentos cujos primeiros resultados não foram animadores, poderão ser reapreciados em novos trabalhos,” ressalvou.

Em tom de despedida, o médico lembrou que ainda há um longo caminho a percorrer: há que fazer ensaios clínicos de novos fármacos, de tentativa e erro, de prática diária e de comparação entre moléculas. “Esperemos que esse caminho traga, tão cedo quanto possível, as mais relevantes descobertas”, terminou.

Em torno da mesma sessão, com o tema “Estratégias Ventilatórias”, Marco Fernandes, especialista em Medicina Interna, alertou para o número considerável de doentes com COVID-19, que acaba por necessitar de alguma forma de suporte ventilatório, ainda que seja variável de acordo com séries.

“Parece claro, e tendo por base aquilo que sabemos sobre a insuficiência respiratória hipoxémica, que o suporte ventilatório tardio ou inadequado pode condicionar uma evolução desfavorável”, ressalvou.

De forma a evitar a evolução da doença, o especialista salientou a importância da adoção precoce de estratégias que permitam reduzir o trabalho respiratório e evitar o Patient Self-inflicted Lung Injury, bem como o uso de ventilação que não condicione dano pulmonar adicional.

“Não fiques parado, faz alguma coisa! – Angústias COVID-19”, foi presidida por Alexandre Carvalho, especialista em Medicina Interna, moderada por Raquel Calisto,

assistente hospitalar de Medicina Interna, contou também com a apresentação “Epidemiologia (s)”, por Ana Maria Correia, especialista de Medicina Interna.