Medicina Paliativa: Manual responde «à maior parte das questões diárias»

Medicina Paliativa: Manual responde «à maior parte das questões diárias»

Lançado recentemente, sob a coordenação de Elga Freire, o Guia Prático de Controlo Sintomático tem a colaboração de diversos autores, maioritariamente, internos de Medicina Interna e internistas com competência em Medicina Paliativa.

Segundo a médica e coordenadora da Equipa Intrahospitalar de Suporte de Cuidados Paliativos (EIHSCP) do Centro Hospitalar do Porto, o manual visa dar apoio aos profissionais de saúde que lidam com uma doença grave e avançada – oncológica e não oncológica. Pretende, assim, contribuir para “dar resposta a questões sobre Medicina Paliativa que surgem diariamente, tanto em ambiente hospitalar, como no ambulatório”.

Alguns dos profissionais que colaboraram na edição do livro

Um “desafio” lançado pelo NIMI

Em declarações à Just News, Elga Freire, coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa (NEMPal) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), conta que o projeto “surgiu na sequência de um desafio feito por Ricardo Fernandes, coordenador do Núcleo de Internos de Medicina Interna (NIMI)”.

“Os internos de Medicina Interna sentiam falta de um guia com estas características e, por isso, fizeram o repto ao NEMPal, que eu, enquanto coordenadora, aceitei, integrando-os neste projeto, onde todos trabalhamos em conjunto”, refere.

Quase um ano de trabalho no projeto

De acordo com a médica, o lançamento deste Guia “é o resultado de um trabalho que se prolongou durante quase um ano”, tendo havido, segundo a internista, “uma recetividade imediata por parte dos profissionais envolvidos”.

Relativamente à colaboração com o NIMI, que permite estreitar a ligação com os jovens internistas, a coordenadora do NEMPal acrescenta: “Sabemos que é sensibilizando e capacitando os jovens médicos para esta área que vamos mudar o entendimento do que são os cuidados paliativos. E isso só será conseguido através de uma sólida e abrangente formação.”

“Ninguém faz cuidados paliativos sozinho”

“A Medicina do século XXI é cheia de labirintos, enigmas e desafios, alguns muito velhinhos como a própria humanidade e outros tão novos como o avanço da técnica e da ciência”, pode ler-se na introdução do manual.

Elga Freire e Ricardo Fernandes recordam que “a Medicina Paliativa neste cenário não é exceção, não só pela complexidade dos casos que trata, mas também pela carência de formação diferenciada da grande maioria dos profissionais tanto a nível pré graduado como pós-graduado”.

Desejando que “aqui sejam encontradas respostas para fechar a caixa de Pandora”, os dois médicos destacam que “ninguém faz cuidados paliativos sozinho, pelo que a abordagem deve ser idealmente multidisciplicar”.

Em aproximadamente duas centenas de páginas, o livro aborda uma grande variedade de temas. É o caso da comunicação em cuidados paliativos, os sintomas neuropsíquicos e neurológicos, a dor, a sufocação, os principais fármacos utilizados em cuidados paliativos, a obstipação, a sedação paliativa, a nutrição e hidratação em fim de vida, entre outros.

Sinal de um trabalho “notável”

O manual foi oficialmente apresentado o mês passado, durante as 1.as Jornadas do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa (NEMPal). Para o presidente da SPMI, Luís Campos, “o lançamento de um livro numa primeira reunião organizada por um núcleo é notável”.

Elga Freire e Luís Campos

O responsável fez questão de sublinhar o trabalho desenvolvido, afirmando, durante a sessão de abertura da reunião, que a edição deste manual “dignifica o NEMPal e a SPMI”.

Multidisciplinaridade “tanto em ambiente hospitalar como domiciliário”

Sobre as Jornadas do NEMPal, onde foi debatido “o cuidado integral ao longo da trajetória de vida”, Elga Freire recorda que o evento foi dirigido “a todos os profissionais de saúde que lidam com pessoas com doenças graves e/ou avançadas e progressivas, sejam da Medicina Interna, dos cuidados paliativos, ou dos cuidados de saúde primários”

Alguns dos elementos do Secretariado do NEMPal: Maria Céu Rocha, Maria de Lourdes Pinhal, Elga Freire, Rui Carneiro e Florbela Gonçalves

De acordo com a especialista, não há qualquer dúvida quanto à necessidade desta transversalidade na abordagem do tema: “É cada vez mais consensual que os cuidados paliativos devem ser prestados por equipas multidisciplinares, integrados precocemente no início da doença oncológica e não oncológica, tanto em ambiente hospitalar como domiciliário”.

(24/10/2017)