HIGHLIGHTS ADA 2018

Diabetologistas de todo o mundo reuniram-se de 22 a 26 deste mês na Florida, EUA, nas American Diabetes Association’s 78th Scientific Sessions, para discutirem as últimas novidades científicas e reflectirem sobre uma enorme variedade de temas na área da Diabetes.

O Núcleo de estudos da Diabetes Mellitus da SPMI esteve presente com vários membros (Dr Estevão Pape, Dra Joana Louro, Dra Mónica Reis e Dra Rita Nortadas) e no rescaldo do congresso o NEDM assinala as Highlights ADA 2018.  

Novos Ensaios. Novos Dados

O elevado número de dados, estudos, abstracts e sessões apresentadas em simultâneo, torna a missão de resumir e destacar quase impossível. Ficam portanto, apenas alguns resultados, num universo de outros também importantes.

– VADT (Veteran’s Affairs Diabetes Trial) – 15 years Follow up Study – estes novos dados foram apresentados, e contrariaram os resultados apresentados dos 10 anos de follow up, não mostrando o benefício no grupo de controlo intensiv, deixando a reflexão sobre se a teoria da memoria metabólica se perde ao longo do tempo, ou se apenas traduzirá a especificidade da população em causa

– EASE Program – Empagliflozina na DM1: No estudo de fase 2 (4 semanas) a empaglifozina mostrou melhoria no controlo glicémico (redução de HbA1c até -0,49%), perda de peso (até -1,9Kg), sem aumento da prevalência de hipoglicémia, quando comparado com o placebo.

– CompoSIT-R: Em doentes com DM2 e doença renal moderada, com control metabólico inadequado medicados apenas com metformina ou metformina+SU, o tratamento com sitagliptina por 24 semanas traduziu-se numa maior redução da HbA1c quando comprado com a dapaglifozina.

– Os novos dados do CANVAS apresentados mostram o benefício renal da canagliflozina, (canagliflozina no tratamento de doentes com DM2 em relação ao risco cardiovascular para eventos cardíacos adversos maiores.

– BRIGHT – estudo head-to-head que comparou a eficácia e segurança de insulina glargina 300U/mL versus insulina degludec (24 semanas). Insulina glargina 300 atingiu o objetivo primário de redução da HbA1c (-1,64% vs. -1,59%, respectivamente).  A incidência e a taxa de hipoglicémias foi inferior nas primeiras 12 semanas em comparação com insulina degludec e similar entre as semanas 13 e 24.

– SUSTAIN-7(análise post-hoc): benefício de Semaglutido na redução do peso foi superior comparativamente a Dulaglutido para todos os sub-grupos de doentes. Os sub-grupos foram pré-definidos de acordo com o IMC à entrada do estudo, verificando-se uma maior redução do peso com Semaglutido na dose de 0.5 mg vs Dulaglutido 0.75 mg e com Semaglutido 1.0 mg vs Dulaglutido 1.5 mg, partindo-se de um valor inicial médio de 95.2 kg.

– MEDI0382 (Estudo fase 2 de um agonista de duplo receptor GLPI/Glucagón) que demonstrou um potente controlo glicémico dependente de glicose, perda de peso marcada e redução da esteatose hepática em doentes com DM2.

Novas recomendações da ADA/EASD na abordagem da DM2

Foi apresentado em simpósio um draft destas recomendações, que em breve será disponibilizado num webcast da pagina da ADA e que se encontrará em discussão publica até ao dia 2 de Julho.

As recomendações de 2015 foram aceites e revitalizadas com novos dados. Grande foco na individualização da terapia, onde o paciente permanece “no centro de tudo”. A intervenção no estilo de vida continua a ser a pedra angular da assistência e a metformina continua ainda no topo do algoritmo. Neste conceito de individualização terapêutica, deve-se considerar a presença de doença cardiovascular (DCV) prévia ou Insuficiência cardíaca, e são reconhecidas hierarquias dentro das classes farmacológicas (liraglutide> semaglutide> EQW; empagliflozin> canagliflozin). Para pacientes sem DCV, a prescrição é motivada pela necessidade de evitar hipoglicemia e ganho de peso. A intensificação gradual do fármaco é preferível às combinações iniciais, a menos que a HbA1c seja muito elevada na altura do diagnóstico. O custo continua a ser um importante fator de decisão terapêutica em alguns países. A insulina será “classificada” após o agonista do GLP1 quando for necessário um injetável. Os desafios são maiores para insulinas mais antigas com maior risco de hipoglicemia e, especialmente, insulina pré-prandial ou pré-mistura, que deve ser iniciada apenas com apoio especializado. A Declaração de Consenso fornecerá fornecerá apoio sobre o uso de injetáveis ​​(incluindo a administração de SGLT2i com insulina) e qual o fármaco que continuar ou retirar.