Estado nutricional dos idosos portugueses: seminário público de encerramento do projeto

Saber, com rigor, em que medida a solidão, a depressão e a dieta podem estar a prejudicar a qualidade de vida do idoso, foi um dos propósitos de uma investigação inédita conduzida pela Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). A explicação é dada por João Gorjão Clara, investigador principal da equipa e coordenador da Unidade Universitária de Geriatria do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN).

O seminário de encerramento do projeto, designado por PEN-3S (Portuguese elderly nutritional status surveillance system), realiza-se dia 21 de fevereiro, entre as 09h00 e as 13h00, na FMUL, onde serão apresentados alguns dos principais resultados do estudo. A iniciativa conta também com a intervenção de parceiros nacionais e internacionais do projeto.

A sessão de abertura conta com as intervenções de Fausto Pinto, diretor da FMUL, Alida Endresen, conselheira da Real Embaixada da Noruegea, e Sofia Borges Pereira, do ISS, além do próprio Gorjão Clara, que será o moderador da mesa redonda que se realiza de seguida, sobre “Malnutrição”. Neste painel participam oradores estrangeiros, que abordarão os temas “Commensality in the elderly perspective” e “Nutrition in the elderly – Norwegian research agenda”.

Teresa Madeira, coordenadora do projeto e investigadora da Unidade de Epidemiologia do Instituto de Medicina Preventiva da FMUL, participa neste seminário de encerramento, com uma intervenção sobre “Prevalência de malnutrição e fatores associados”, no âmbito de uma sessão dedicada ao debate e apresentação dos resultados do estudo PEN-3S.

A outra mesa redonda do programa, intitulada “Estudos nacionais de avaliação de consumo alimentar e estado nutricional”, será moderada por Alexandre Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas. Nesta sessão serão apresentados projetos dinamizados pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto/Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Na primeira sessão pública de apresentação do projeto, em meados de 2015, João Gorjão Clara explicou na altura que “os estudos de investigação nos idosos são relativamente recentes”.

De acordo com a sua experiência, afirma que “praticamente todos os estudos e ensaios foram feitos a indivíduos de meia-idade. Consideraram que todos os que tinham mais de 65 anos eram idosos, mas esta é uma idade arbitrária, que não define, de facto, quem é idoso e quem é doente geriátrico ou saudável. É uma população muito heterogénea e os dados são, por vezes, contraditórios, difíceis ou não existem”.

Já Teresa Madeira sublinhava que não há informação atualizada sobre os consumos alimentares desde 1980. Sabe-se, contudo, que “muitas das doenças crónicas podem ser diminuídas e tratadas através da alimentação”. A ideia é que, agora, uma vez concluído o estudo, existam mais ferramentas para ser possível implementar “as políticas de saúde necessárias de combate e prevenção à malnutrição”.

A inscrição pode ser efetuada online aqui.

O projeto de investigação “Estado nutricional dos idosos portugueses: estudo de prevalência nacional e construção de um sistema de vigilância” é financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu, no âmbito dos European Economic Area Grants.

O estudo tem como parceiros o Oslo and Akershus University College of Applied Sciences, a Associação para a Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina de Lisboa, o Instituto Ricardo Jorge e a Universidade do Porto, através do Instituto de Saúde Pública e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação.

O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), dinamizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, ajudou a sustentar grande parte do trabalho de campo das cerca de quatro dezenas de entrevistadores que percorreram o país.

Teresa Madeira sublinha que o PEN-3S estudou especificamente os idosos, chegando aos que se encontram institucionalizados: “acrescenta algumas variáveis e escalas que são específicas do idoso e do estado nutricional e acrescenta os idosos que estão em lares e que estavam excluídos do IAN-AF”.

PEN-3S tem, como principais objetivos, caracterizar o estado nutricional da população idosa residente em Portugal (regiões autónomas incluídas), na comunidade e a residir em lares, identificar e caracterizar variáveis associadas à malnutrição nesta população e desenvolver um sistema eletrónico de vigilância e alerta (screening, diagnóstico, intervenção) do estado nutricional do idoso, ao nível dos cuidados de saúde primários e dos lares de idosos.

(24/01/2017)