Envelhecimento ativo exige «um investimento individual, mas também da sociedade»

“A realidade dos idosos portugueses está longe de ser a desejável, quer porque eles próprios e as suas famílias não se preparam para o aumento da longevidade, quer porque a organização social do país ainda não se adaptou a esta nova realidade”, afirma Manuel Teixeira Veríssimo, presidente do XV Curso Pós-Graduado sobre Envelhecimento – Geriatria Prática, que se realiza em setembro.

Segundo o coordenador da Consulta de Geriatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e presidente do Colégio da Competência de Geriatria da Ordem dos Médicos (OM), grande parte dos idosos portugueses tem hoje problemas relacionados com doenças crónicas, défices económicos, solidão, falta de apoio familiar e elevada taxa de dependência, o que “faz com que a qualidade de vida esteja frequentemente ausente”.

Para o internista do CHUC, “a solução passa, inevitavelmente, pela aposta no envelhecimento ativo e saudável, o qual exige um investimento não só individual, mas também da sociedade onde estamos inseridos”.

Curso com mais de 1000 inscrições

De acordo com Manuel Teixeira Veríssimo, o Curso Pós-Graduado sobre Envelhecimento – Geriatria Prática, que vai na sua 15.ª edição, mantém de ano para ano um interesse redobrado, como mostra o facto de, nos últimos anos, “se ultrapassar sistematicamente as mil inscrições”.

Na sua opinião, tal facto deve-se seguramente à pertinência dos temas para a prática da Geriatria, mas também à excelência dos preletores, “que são sempre escolhidos tendo em conta o seu particular conhecimento no assunto a tratar”.

Agendado para dias dias 28 e 29 de setembro, o evento terá lugar no Hotel Vila Galé, em Coimbra. A Conferência de Abertura, intitulada “Recomendações alimentares da Rainha Santa Isabel para o envelhecimento saudável”, será proferida por Helena Saldanha, professora catedrática jubilada da Faculdade de Medicina de Coimbra e doutorada em Medicina Interna. O programa pode ser consultado aqui.

“Tudo é influenciado pelo envelhecimento”

O especialista afirma que, atualmente, “ao contrário do que se verificava quando este curso se começou a realizar, há uma proliferação enorme de cursos, jornadas e congressos sobre o tema”. Essa realidade mostra que, por um lado, “a comunidade científica está desperta para o tema mas, essencialmente, que o envelhecimento da população e as suas consequências clínicas e sociais têm que estar na ordem do dia”.

Para Manuel Teixeira Veríssimo, não há qualquer dúvida de que, “desde a política da saúde à política social passando pela política económica, tudo é influenciado pelo envelhecimento”. E sublinha: “a formação é a melhor maneira de lidar com o envelhecimento e seus problemas, quer a nível da saúde, quer da sociedade em geral”.

(29/08/2017)