Doenças raras: sucesso da Medicina Interna depende das «pontes» com outras profissões e especialidades

“As doenças raras são uma das áreas da Medicina Interna onde a nossa capacidade de construir pontes com outras profissões e especialidades é mais posta à prova.” As palavras são de Luís Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), e foram proferidas na cerimónia de abertura do VII Simpósio do Núcleo de Estudos de Doenças Raras (NEDR) da SPMI.

“A Medicina Interna é, pela sua visão holística, uma especialidade que está vocacionada para a construção de pontes com outras profissões”, afirmou o responsável, que é diretor do Serviço de Medicina IV do Hospital São Francisco Xavier, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental.

De acordo com o responsável, “temos perfeita noção de que os resultados do que fazemos, ou seja, que os doentes sejam bem tratados e se sintam bem tratados, está dependente das equipas multidisciplinares que trabalham, hoje em dia, nos Serviços de Medicina (internistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, dietistas, farmacêuticos)”.

Também relevantes na área das doenças raras são as ligações que a Medicina Interna estabelece com outras especialidades, como é o caso da Pediatria. “Por vezes, a Pediatria tem dificuldade na referenciação das suas crianças com doenças sistémicas complexas quando elas deixam de estar fora do seu âmbito”, disse Luís Campos, acrescentando:

“Os internistas são os ‘pediatras’ dos adultos e os especialistas que estão vocacionados para receber estes doentes da Pediatria”, “A Medicina Interna tem de trabalhar mais em conjunto com a Pediatria para melhorar esta continuidade de cuidados.”


Outra das pontes que na opinião do presidente da SPMI deve ser estimulada é com as associações de doentes. “Elas desempenham um papel essencial de ajuda e empoderamento dos doentes, sendo a sua voz pública de expressão das suas expectativas e preferências”, defendeu.

Luís Campos falou ainda sobre a questão dos centros de referência. Segundo o internista, que é membro da Comissão Nacional dos Centros de Referência, esta é “uma aposta europeia na qual Portugal embarcou”.

Ainda que admita que a Medicina Interna não tem muitas oportunidades de se inserir e criar centros de referência, é uma das áreas em que a especialidade está bem posicionada para essa criação. O responsável considera, no entanto, que os internistas têm um papel importante nas equipas de muitos dos centros que estão a ser criados, porque muitos deles têm um caráter multidisciplinar.

O presidente da SPMI fez questão de agradecer o “empenhamento” e elogiar a “dinâmica” do NEDR que, conforme disse, “conta muito para o prestígio da Medicina Interna”.

Nesta sessão estiveram presentes também Luís Brito Avô, coordenador do NEDR, que fez questão de salientar a presença de “caras novas” na reunião e de pessoas de outras especialidades que não a Medicina Interna; Luísa Pereira, coordenadora do Simpósio, que fez uma breve apresentação do programa; e Lèlita Santos, vice-presidente da SPMI, que deu as boas-vindas à cidade de Coimbra, onde desenvolve a sua atividade enquanto internista.

Além de Luís Brito Avô e de Luísa Pereira, integraram a Comissão Organizadora do VII Simpósio do NEDR da SPMI Diogo Cruz e Patrício Aguiar.

Luís Campos, Lelita Santos, Luís Brito Avô e Luísa Pereira.