Discussão pública do novo modelo de Prova Nacional de Seriação e Avaliação do Internato Médico

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) congratula-se com a criação de um novo modelo da Prova Nacional de Seriação.
Esta alteração é necessária, desejável e reflete a evolução da Medicina e do conhecimento científico, avaliando não só as capacidades cognitivas, mas também o raciocínio clínico. Vem de encontro ao já praticado em alguns países, que podem servir de exemplo para esta alteração, caso do National Board of Medical Examiners (NBME) e também do exame espanhol Medico Interno Residente (MIR). Este último bem semelhante à realidade portuguesa pelo que consideramos uma alternativa de orientação a considerar.

Estamos certos que a exigência desta alteração se coaduna com a criação de um Gabinete Nacional de Provas de Avaliação Médica dedicado, atento e multidisciplinar. A sua representatividade deve estar de acordo com a importância e distribuição dos temas teóricos da futura Prova Nacional de Seriação.

O novo modelo proposto constitui uma tarefa exigente em que todos os contributos e opiniões deverão ser considerados. Desta forma, e após análise atenta do documento para discussão pública, a SPMI releva o seguinte:

1- A prova deve ser o mais discriminatória possível. Concordamos com um número elevado de questões e com tempo adequado para as mesmas. Porém, a duração de 240 minutos pode ser exigente e cansativa para os candidatos a avaliar.
2- A prova deve ser multidisciplinar. Saudamos a introdução de temas do âmbito da Medicina Geral e Familiar (MGF), Cirurgia, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia e Psiquiatria. Porém, pensamos que a base desta avaliação deve continuar a ser a Medicina Interna numa percentagem de perguntas maior do que a sugerida. Conforme referido na Portaria n.º 614/2010 “a medicina interna ocupa-se da prevenção, diagnóstico e orientação da terapêutica curativa não cirúrgica das doenças de órgãos e sistemas ou de afecções multisistémicas dos adolescentes, adultos e idosos”. Sendo a formação nesta área fundamental para alicerçar os conhecimentos técnicos e científicos desejáveis num médico do século XXI, a prova de avaliação deve valorizar de sobremaneira a formação teórica no âmbito da Medicina Interna. O objetivo atual, face à carência de vagas de especialidade, é formar médicos capacitados e com conhecimento alargado para enfrentar os problemas mais diversos do dia-a-dia. Posto isto, sugerimos uma percentagem não inferior a 60% para a avaliação de conhecimentos na área da Medicina Interna. A avaliação na área da MGF deve ser também efetuada, mas não no âmbito referido.
3- Concordamos com as preocupações expressas no que concerne à bibliografia. Porém, esta terá de passar inevitavelmente pelos tratados já conhecidos e que são a base do conhecimento na Medicina, caso do Harrison’s Internal Medicine e do Cecil Medicine. Preocupa-nos a atualização crescente e exponencial do conhecimento (impossível de conter nestes tratados). Contudo, de forma a evitar a multiplicidade de bibliografia e de forma a facilitar o estudo dos candidatos, a utilização destes livros poderá continuar a ser a regra.

A SPMI está disponível para debater outros pontos que se julguem úteis e está pronta para contribuir e melhorar estas alterações fundamentais na avaliação dos jovens médicos portugueses.

Mais Informações em www.sns.gov.pt

Imagem: www.sns.gov.pt

(10/04/2017)