DEBATES COVID 19: QUESTÕES ÉTICAS EM TEMPOS DE PANDEMIA

De 14 de Maio a 11 de Junho de 2020, decorreu o 2ºCiclo de Debates. Pode consultar mais informações AQUI

Questões éticas em tempo de pandemia pelo COVID 19

O NEBio ( Núcleo de Estudos de Bioética da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna) promoveu um ciclo de 5 debate, nos quais foram discutidas questões éticas em tempo de Pandemia pelo Covid-19.

Os debates realizaram-se às Terças e Quintas-Feiras, das 21h30 às 22h00, de 23 de Abril a 7 de Maio de 2020.

A moderação esteve a cargo António H. Carneiro, coordenador do NEBio.

1º DEBATE

5ªfeira – 23 de Abril – Das 21h30 às 22h00

Convidado: António Sarmento
Prof. Catedrático de Infeciologia e Intensivista do Hospital de S. João no Porto

Temas em Destaque:

  • A pandemia e os desafios éticos – as pandemias são sempre desafios para as sociedades, questionam a organização social e a relação entre as pessoas, questionam a relação dos cidadãos com as autoridades estabelecidas obrigam a confinamentos, restringem as liberdades…
  • Que aprendemos com o passado este é uma das muitas pandemias a que a humanidade foi submetida …, lembrar o HIV, o SARS 1, o MERS, o ZICA, o Ébola, … – preparamo-nos para a enfrentar? Estamos preparados para enfrentar o futuro?
  • Vulnerabilidade e responsabilidade dos decisores – decidir sobre o desconhecido, decidir sem informação suficiente, decidir por convicção, decidir com base na evidência, decidir o futuro próximo do País e dos concidadãos.
  • Vulnerabilidade e responsabilidade dos profissionais – Os profissionais de saúde estão na linha da frente, precauções exigíveis para preservarem a sua saúde e preocupações com a saúde dos seus.

2º DEBATE

3ªfeira – 28 de Abril – Das 21h30 às 22h00

Convidado: Maria do Céu Patrão Neves
Profª Catedrática de Ética, Universidade dos Açores
Especialista em Ética da Comissão Europeia

Temas em Destaque:

Uma visão ética da pandemia por COVID 19

  • A vulnerabilidade da condição humana e a responsabilidade de preservar a dignidade (a pandemia agravou algumas vulnerabilidades e colocou outras a descoberto. Desafia valores axiais das sociedades contemporâneas; coloca desafios éticos no plano da saúde, da economia, da politica e na observância dos direitos humanos;
  • As dimensões humanas que sobressaem em contexto de pandemia (que lições retirar desta pandemia? Que impacto na prestação de cuidados de saúde? E na relação médico-doente? E na organização futura da sociedade?
  • O que se tem de preservar em tempo de incerteza e abalo social;
  • Racionar e racionalizar em tempos de escassez numa visão ética(a decisão clinica na alocação de recursos de saúde e na priorização de doentes tem de ser eticamente fundamentada).

Recent publications:
Ethics, Science, and Society: Challenges for BioPolitics
Applied Ethics

3º DEBATE

5ªfeira – 30 de Abril – Das 21h30 às 22h00

Convidado: Rui Carneiro
Internista e coordenador da equipa de Suporte, Acompanhamento e Paliação no Hospital da Luz Arrábida

Temas em Destaque:

Uma visão ética da pandemia por COVID 19

  • A pandemia revelou /exacerbou a condição dos mais vulneráveis. Não é surpresa ver as dificuldades porque passam os mais frágeis em situação de crise sanitária como acontece em todos os invernos e picos de calor no verão. Mas a dimensão da pandemia pelo COVI 19 destapou subitamente situações que estavam camufladas ou não estavam à vista dos media;
  • A individualização do cuidar em tempos de pandemia – a limitação de recursos e a institucionalização limitam frequentemente a capacidade de cuidar de cada pessoa de forma personalizada;
  • A deliberação e a decisão clínica, assumidas em tempo oportuno e com o envolvimento do próprio e das pessoas que lhe são significativas maximiza a probabilidade de se tomarem, a cada momento, as melhores decisões. Momentos como o que vivemos contribuem para aprofundar essa reflexão.
  • Em que é que a decisão clínica é afetada pelas condições pandémicas. Por definição as pessoas com situação mais complexa, mais dependente e com mais comorbilidades são as que ficam em condição ainda mais vulnerável.

4º DEBATE

3ªfeira – 5 de Maio – Das 21h30 às 22h00

Convidado: Pedro Póvoa
Internista e Intensivista no Hospital de S. Francisco Xavier
Prof Associada na Universidade Nova de Lisboa

Temas em Destaque:

Uma visão ética da pandemia por COVID 19

  • Em que é que a pandemia influencia a decisão do Intensivistas no acesso dos doentes aos cuidados Intensivos; ou as decisões dos Intensivistas Portugueses, nesta crise, regeram-se pelos mesmo princípios com que decidem o internamento em cuidados intensivos todos os Invernos?
  • Ética da experimentação em contexto de pandemia onde é que as necessidades ultrapassam a legitimidade. A resposta eficaz em todas as situações de urgência depende de 3 pontos:
    1.    Reconhecimento precoce que inclui estratificação de gravidade;
    2.    Prevenção das disfunções e suporte dos órgãos em falência;
    3.    Tratamento da causa – que devemos fazer quando não conhecemos o tratamento da causa;
  • A diferença entre inovar e não ter memória do passado em todas as situações em que os médicos se confrontam com a impotência de curar a doença têm a tentação de procurar alternativas, algumas com provas dadas de que não funcionaram em situações parecidas – que limites éticos são exigíveis nestes casos;

5º DEBATE

5ªfeira – 7 de Maio – Das 21h30 às 22h00

Convidado: Daniel Ferreira
Cardiologista no Hospital da Luz Lisboa
Diretor Clínico do Centro Clínico Digital da Luz Saúde

Temas em Destaque:

Uma visão ética da pandemia por COVID 19

  • O medo e o distanciamento social vão mudar a relação clínica.
    A recente crise pandémica veio demonstrar algo que muitos dos utilizadores das videoconsultas já sabiam de experiência própria: que as videoconsultas não só não prejudicam a relação médico-doente como antes a reforçam de modo muito substancial ao aproximar ainda mais os doentes dos seus médicos assistentes que, mesmo remotamente, estão mais disponíveis para os ajudar. 
  • A consulta à distância é uma nova oportunidade de relação médico doente com potencialidades e limitações;
    A conveniência, comodidade e melhoria da acessibilidade proporcionadas pelas consultas remotas necessitam ser balanceadas com a necessidade de assegurar idênticos padrões de credibilidade e rigor do ato médico e de segurança e confidencialidade dos dados clínicos proporcionadas pelas consultas presenciais. 
  • Quando é que a consulta à distância é legitima e legal e quando é que o não é;
    Se bem que o atual enquadramento legal permite (e até recomenda) a realização de consultas à distância, deixa ainda um importante vazio na definição de quais os atores clínicos envolvidos e de como é assegurada a proteção dos dados clínicos e a qualidade do ato médico.

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