31.º CNMI arranca com apelo à ação e união dos Internistas

31.º CNMI arranca com apelo à ação e união dos Internistas

“Uma lição de futuro e tradição” dá mote ao 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que começou hoje no Convento de São Francisco. Organizado pela Unidade Local de Saúde de Coimbra, este encontro científico simboliza a continuidade de um legado e o compromisso com a inovação.

Face aos desafios atuais do sistema de saúde português, a Sessão Solene de Abertura apresentou o plano de atividades do CNMI, centrando-se na importância de abordar temáticas como o papel dos Internistas no Sistema Nacional de Saúde (SNS), os desafios da formação médica, a necessidade de afirmação da especialidade e a urgência de promover medidas concretas.

A primeira intervenção do painel foi realizada por Lèlita Santos, Presidente do Congresso, que salientou que, para além dos temas científicos e clínicos, o programa científico pretende também gerar discussão relativamente a novas formas de encarar a atividade da Medicina Interna. “A Comissão Organizadora colocou todo o seu esforço e motivação para organizar o 31.º CNMI, que queremos que seja um êxito. O lema escolhido significa a nossa convicção que a Medicina Interna deve progredir e tem progredido sempre com objetivos de futuro e de modernização, sempre tendo em vista o passado, a história e os ensinamentos dos que nos precederam”.

Além disso, recordou que a Medicina Interna é a especialidade fulcral e o pilar principal na estrutura de um hospital, mas como toda a Medicina tem de procurar constantemente atualizar-se em novos caminhos e formas de organizar o seu trabalho, ambição pelos doentes e a gestão dos próprios serviços. “Os Internistas devem analisar a sua própria atividade e, sem perder a visão versátil e agregadora que os caracteriza, saber modernizar, adquirindo competências técnicas e tomando iniciativa de inovar e juntar novas áreas de intervenção na saúde”, rematou a presidente do congresso.

Seguiu-se a intervenção de Faustino Ferreira, Presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos, destacando a importância de encarar os obstáculos da profissão. “O nosso congresso é um fator de motivação para os desafios que travamos diariamente para nos atualizarmos da melhor maneira, de forma a prestar os melhores cuidados aos doentes que confiam em nós, e que nos motiva todos os anos a continuar a lutar pela especialidade”.

Já o Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Luís Duarte Costa, continuou com o apelo à união da comunidade de Internistas para responder à complexidade crescente dos cuidados de saúde. “Na área da formação, a SPMI e todos os Internistas, têm uma tradição que nos enche de orgulho e um futuro próspero pela frente. Mas, infelizmente, também vivemos nos últimos anos um período crítico da nossa história”, afirmou o especialista.

Para tal, apontou caminhos concretos para a resolução de problemas como a necessidade de mais especialistas em Medicina Interna, a menor valorização do trabalho intelectual e do contacto direto com o doente.  “Por um lado, precisamos de mais especialistas em Medicina Interna para responder ao envelhecimento da população, com mais doenças crónicas interligadas e complexas, onde as restantes especialidades, hiperespecializadas em procedimentos e técnicas, estão menos disponíveis e preparadas para essa população. Por outro lado, mantém-se a menor valorização do trabalho intelectual e de contacto direto com o doente, mesmo que traga maior valor em Saúde para o doente e sistema de Saúde, em comparação com o ato e procedimento técnico”, afirmou.

“Em concreto, estamos a trabalhar ativamente para a criação de um sistema de incentivos baseado em parâmetros de qualidade e de melhoria em saúde dos nossos doentes e fomentar a reforma do SNS com a criação de departamentos de Medicina, liderados pela Medicina Interna, em trabalho de equipa com as restantes especialidades hospitalares”, esclareceu.

O Presidente da SPMI referiu ainda a importância de fomentar a vertente investigativa, através de estruturas como o Centro de Ensino e Investigação em Medicina Interna (EIMI) e dos núcleos de estudo da SPMI. “Só quem faz investigação e a publica é que consegue ser valorizado pelos seus pares e decisores políticos. Tudo isto, sempre em parceria com o colégio de Medicina Interna e com todos vós, diretores de serviço, assistentes, orientadores de formação e internos. Contamos com todos para sair desta encruzilhada!”, desafiou o presidente da SPMI.

Esteve também presente José Manuel Silva, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, também Internista como os restantes membros do painel, que deu as boas-vindas a Coimbra a todos os participantes do Congresso e fez um paralelismo entre as duas carreiras em que está envolvido. “A Medicina Autárquica é parecida com a Medicina Interna, onde cada decisão impacta não um doente, mas 145 mil pessoas em simultâneo na gestão do concelho”.

Na reta final, Manuel Teixeira Veríssimo, Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, discursou em representação do Bastonário da Ordem dos Médicos, adotando uma perspetiva positiva sobre os tempos que se avizinham. “Estou certo de que a Medicina Interna vai continuar como uma grande especialidade: a especialidade da avaliação global. Quanto mais diferenciada for a ciência, for a Medicina, mais importante é a Medicina Interna para juntar as peças. Também é importante que continuemos a ter uma boa formação de base, mas que depois cada um, de acordo com o seu gosto, também se diferencie”.

(22/05/2025)