3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária: a HD como primeira opção de internamento

O 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) teve lugar no Hotel Vila Galé Coimbra, nos dias 2 e 3 de junho. Nestes dois dias foi debatido o ponto de situação da Hospitalização Domiciliária (HD) em Portugal – realidade em crescimento -, os objetivos atingidos até ao momento e as várias formas de melhoria desta modalidade de assistência no futuro. Esta iniciativa teve como objetivo juntar os diferentes grupos profissionais de todas as Unidades de Hospitalização Domiciliária (UHDs) para que fosse possível uma partilha de conhecimentos.

A primeira mesa-redonda foi subordinada ao tema “Regulamentação e aspetos financeiros em Hospitalização Domiciliária– O que temos e o que falta”, que contou com a moderação de Lindora Pires e Miguel Santos. Paula Godinho abordou o financiamento, Vitória Cunha e Fernando Palhim os recursos humanos, e os Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) ficaram a cargo de Ireneia Lino.

“No sistema de saúde português cada vez mais vivemos uma grande pressão: pressão pela procura (novos padrões de doença), pressão pela oferta (foco na saúde e crescimento da despesa) e pressão orçamental (fraco crescimento económico). No entanto, temos de procurar a melhor forma para financiar”, começou por referir Paula Godinho, acrescentando que, neste contexto, existem também três eixos para o sucesso: fazer mais, fazer com qualidade e segurança e fazer com menos. A palestrante afirmou, ainda, que é necessário repensar o financiamento em HD, nomeadamente contratualizar um índice de desempenho que leve um maior número de doentes a HD, esperando que se concretize num curto prazo.

Por seu lado, Vitória Cunha e Fernando Palhim, sobre o tema dos recursos humanos, abordaram o que existe atualmente e o que falta. “É importante atrair os profissionais de saúde para HD, uniformizar equipas entre unidades, reforçar a multidisciplinaridade, definir papéis e normatizar”, disse Vitória Cunha. Enfatizou, ainda, que o fundamental é que seja o profissional a escolher a hospitalização domiciliária, apontando a necessidade de existir uma equipa consistente. De seguida, Fernando Palhim falou da cultural organizacional das UHDs.

Por fim, Ireneia Lino, sobre os CRI, afirmou que estes pretendem “prestar cuidados de qualidade, eficazes e eficientes através da otimização dos recursos”. A oradora apontou, ainda, as vantagens e desvantagens do CRI, sendo a sua opinião a necessidade da existência de um sistema de incentivos.

Na sessão de abertura, Francisca Delerue, presidente do Congresso e coordenadora do Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária (NEHospDom), demonstrou a satisfação relativamente ao número de inscritos. “No final de 2022 já existiam 37 unidades no SNS e duas privadas (uma da CUF e uma do Fernando Pessoa). Nesse ano foram tratados cerca de 9.000 doentes, mais 20% que em 2021, com uma demora média de 9,9 dias, com apenas 2% de óbitos expectáveis. Atualmente, podemos dizer que diariamente se encontram internados em HD cerca de 340 doentes, o que já corresponde a um hospital de média dimensão, temos assim com todas as UHDs um hospital sem paredes”, apontou a coordenadora.

Nesta sessão estavam também presentes Isabel Fonseca, em representação de Lèlita Santos, e Delfim Rodrigues.

Estes dois dias de trabalho pretenderam abordar esta opção de internamento, permitindo reservar os hospitais para os doentes mais graves.

(04/06/2023)