Temas ‘fora da caixa’ para tornar os internistas mais completos

A 3.ª Reunião Anual do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias (NEDResp), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), realizou-se este sábado, dia 02 de abril na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, sob o lema “O Pulmão nas Doenças Sistémicas”. Para Cláudia Ferrão, presidente desta edição, este evento “abordou temas ‘fora da caixa’, o que permitiu tornar os internistas mais completos”.

Para Pedro Leuschner, Coordenador do NEDRESP, esta reunião pretendeu apoiar a divulgação científica e a formação do domínio respiratório para a comunidade da Medicina Interna. “É também essencial para a dinamização de um fórum sobre a saúde e as doenças respiratórias, em que a participação dos internistas e dos internos de Medicina Interna reflita devidamente o seu papel central nos cuidados aos doentes deste foro. O internista pode e deve envolver-se cada vez mais nos cuidados de saúde respiratórios”.

“As expectativas relativamente a este 3.º encontro do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias eram grandes”, salienta Cláudia Ferrão, referindo que após dois anos de pandemia, em que os internistas tiveram como foco a infeção por SARS-CoV-2, “há vontade por parte da comunidade médica em voltar a focar o interesse nas patologias sistémicas e voltar novamente a um cenário multifocal no que toca às doenças”.

Relativamente à importância dos temas em destaque na reunião, a presidente da edição afirma que “as doenças sistémicas constituem o ‘ex-libris’ dos internistas”, acrescentando que a escolha da especialidade de Medicina Interna por parte dos médicos, prende-se com “o entusiasmo que as doenças sistémicas suscitam, que passa pela dificuldade, quer no diagnóstico quer no seguimento e gestão dos diferentes órgãos que acometem”.

Explica, ainda, que o principal critério na escolha dos temas que fizeram parte do programa científico está relacionado com a o facto de a obesidade ser a principal epidemia do século XXI e acometer desde os mais novos aos mais idoso, considerando fundamental abordar as suas implicações nos mecanismos ventilatórios e nas principais patologias obstrutivas: asma e doença pulmonar obstrutiva crónica.

O programa destas jornadas contou ainda com dois temas principais (doenças granulomatosas não infeciosas e imunodeficiências primárias e adquiridas não VIH), uma vez que, na ótica do NEDRESP, os internistas devem estar cada vez mais alerta para o reconhecimento e tratamentos destas patologias.

Em relação à forma como o contexto pandémico afetou os doentes com doença respiratória crónica, Cláudia Ferrão é da opinião de que a pandemia veio reforçar a importância da patologia respiratória crónica e de toda a sua envolvência, tendo tornado claro que “a patologia aguda e toda a sua abordagem é tão importante como os restantes cuidados regulares e continuados”. Deu o exemplo da Reabilitação Respiratória durante a doença COVID, mas também da sua manutenção fora deste contexto. Por força da pandemia existiram doentes crónicos que ficaram sem possibilidade de manter a sua reabilitação respiratória.

(02/04/2022)