“Queremos estabelecer pontes entre os diversos centros de autoimunidade dispersos pelo país”

Carlos Carneiro

O IX Congresso Nacional de Autoimunidade | XXVIII Reunião Anual do Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes (NEDAI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) irá decorrer entre 14 e 17 de junho de 2023, em Albufeira. Carlos Carneiro, presidente do congresso, esclareceu mais sobre a iniciativa, que se destacará pela sua inclusividade, abrangência e transversalidade na partilha de conhecimentos sobre as doenças autoimunes, condições onde se verifica uma tendência de crescimento no número de casos.

Vai realizar-se o IX Congresso Nacional de Autoimunidade | XXVIII Reunião Anual do NEDAI. O que pode revelar acerca do evento?

Este evento está muito na linha das edições anteriores, mantendo os ingredientes de sucesso que tem sustentado e consolidado a abordagem do doente autoimune. Temos a obrigação de não desistir em prol dos nossos doentes, de coordenar os nossos esforços de forma multidisciplinar, de nos mantermos atualizamos em buscar da melhor prática clínica baseada no saber e na inovação, em suma, ir muito mais além do que tratar, saber cuidar de quem deposita a confiança em nós.

Quais os principais temas que irão estar em destaque?

Os principais temas que este congresso aborda são a atualização das principais patologias das doenças autoimunes, quer do ponto de vista clínico quer do investigador, bem como a inovação nas diferentes estratégias terapêuticas destas patologias.

Aquando da elaboração do programa científico, quais os critérios que foram tidos em conta?

A principal preocupação na elaboração do programa foi este ser inclusivo, abrangente e transversal às diversas doenças autoimunes, bem como a sua envolvência sistêmica. De forma a concretizar os nossos objetivos, quisemos proporcionar cursos que abrangessem uma abordagem mais básica e avançada através de academias clínicas. É fundamental aprofundar os elos do internista com os Cuidados de Saúde Primários e promover a abordagem multidisciplinar do doente com outras especialidades.

Para além de cursos de índole mais técnica, em que destaco a ecografia músculo-esquelética e a capilaroscopia com formadores internacionais e nacionais, temos pela primeira vez em congressos NEDAI um curso dedicado para enfermeiros que, ora nos hospitais de dia ora através de consultas de enfermagem especializadas, contribui para os ensinos e administração de terapêutica.

Na sequência de edições anteriores, mantivemos uma forte aposta na elaboração de trabalhos científicos, seja através de comunicações orais, posters, trabalhos de investigação científica e imagens em doenças autoimunes (outra novidade desta edição). Por último, teremos espaços de discussão como “Meet the expert” e o ”Mysterious  Case Challenge”.

É fácil encontramos no programa colegas de elevado mérito clínico e científico em várias áreas, mas quisemos sobretudo que o mesmo forneça ferramentas para a prática clínica do dia a dia e que quem participe se sinta representado.

Quais os objetivos deste encontro?

Os objetivos passam por discutir as novidades e controvérsias mais recentes relacionadas com as doenças autoimunes, desde o diagnóstico à terapêutica, partilhar saberes e experiências  com peritos de diversos centros de excelência, quer a nível europeu quer a nível nacional, fornecer as ferramentas mais atualizadas que poderão mudar a nossa prática clínica a curto prazo, quer a nível do diagnóstico quer na nova relação médico-doente, e por último não parar de ter a inquietação do saber, pois citando Albert Einstein “A curiosidade tem a sua própria razão de existir”.

Quais as suas expectativas?

As minhas expectativas são as maiores. Ter a honra de organizar o congresso numa região que nem sempre se fala de saúde pelas melhores razões, é contribuir para que uma reunião desta qualidade científica possa catapultar para a região profissionais de renome e contribuir para uma melhoria dos cuidados de saúde a população. Na sequência do mote do Congresso Nacional de Medicina Interna deste ano, queremos estabelecer pontes entre os diversos centros de autoimunidade dispersos pelo país, não esquecendo dos nossos antecessores, mas com os olhos postos no futuro.

A quem se destina este encontro?

Este encontro destina-se, em primeiro lugar, a médicos que se dedicam a esta área de interesse. Médicos que independente da sua especialidade honrem o juramento de Hipócrates e exerçam a sua arte com consciência e dignidade em prol da saúde do seu doente. O internista deve assumir o papel de gestor de doente no hospital e rodear-se da luz da evidência científica de profissionais de diversas áreas, que contribuam para que o doente atinja um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Costumo dizer que é tão necessário quem diagnostica ou trata, como quem encaminha, pelo que gostaríamos de ver outras especialidades médicas e cirúrgicas envolvidas, de forma a identificar precocemente determinados sintomas ou triggers e assim  encaminhar os doentes para um  estudo mais  aprofundado.

Qual a importância de debater este tema nos dias de hoje?

A Medicina evoluiu a passos rápidos, a área das doenças autoimunes é um bom exemplo a dar. O número de doenças autoimunes está a aumentar até 9% ao ano. Para além da predisposição genética, os fatores ambientais, as alterações de dieta, as emoções e a sedentariedade são causas que contribuem para um cada vez maior número de casos. É nossa obrigação através da investigação encontrar novas terapêuticas ou estratégias que possam retroceder este processo.

Que mensagem deixa a todos os participantes?

Temos de reforçar os elos que nos unem, apostar na formação e incentivar a investigação, só assim é que captamos jovens médicos. A humildade na exigência associada à competência do saber são os ingredientes necessários para fazer parte desta enorme família, que cresce a cada ano que passa. Espero por vos de 14 a 17 de junho em Albufeira, pois TODOS vós, são os atores principais deste congresso.

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(04/04/2023)