Nota de Pesar pelo falecimento do Dr. Carlos Monteverde

Dr Carlos MonteverdeSabemos que a vida é finita, uma simples e breve passagem, realidade frequentemente lembrada de forma violenta quando parte alguém que nos toca especialmente. Faleceu de forma inesperada o Dr. Carlos Monteverde, um amigo de longa data de muitos de nós, um médico que deixou uma marca importante nas pessoas e nas instituições que serviu.

Natural de Viana do Castelo foi em Coimbra que fez o curso de Medicina e que aprendeu muito de ciência e de vida, aproveitando ao máximo a academia coimbrã. Para além do seu curso, que concluiu em 1976, foi um elemento destacado do associativismo académico, integrando a Direção da Associação Académica de Coimbra num período crítico após o 25 de abril. Esteve empenhado na ação política como militante do PS, sempre imbuído de um espirito democrático e fraterno.

Na carreira médica, fez o internato geral no Hospital Distrital da Figueira da Foz e o Serviço Médico à Periferia em Aljustrel. Prosseguiu a carreira no Hospital Distrital de Beja, onde frequentou o internato complementar de Medicina Interna, com estágios diferenciados em Nefrologia e Hepatologia. Como especialista de Medicina Interna foi um marco do seu Hospital, chegando a chefe de serviço/assistente graduado sénior, tendo sido Diretor de Serviço e coordenador da unidade de endoscopia digestiva e da hemodiálise. Já depois da aposentação, trabalhou no Hospital Pulido Valente. Foi membro da Direção do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da OM em dois mandatos.

Destacou-se pelo seu empenhamento na Hepatologia, que desenvolveu em Beja e de que foi um elemento preponderante a nível nacional. Liderou o Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que reativou e desenvolveu. Esteve na criação da Sociedade Portuguesa de Hepatologia (SPH) e, mais tarde, foi quem mais se destacou por parte da SPH no processo de entendimento e união com a Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), por acreditar que era importante unir todos os que em Portugal se interessavam pela Hepatologia. Posteriormente integrou a Direção da APEF, tendo sempre participação relevante nas suas atividades. Ao longo de mais de 20 anos foi um dos internistas em destaque na luta pela criação de uma subespecialidade da Medicina Interna dedicada à Hepatologia, vindo a integrar a Comissão Instaladora da subespecialidade de Doenças do Fígado, criada na Ordem dos Médicos em 2022.

Perdemos um grande médico internista, um destacado hepatologista, mas sobretudo um Homem bom, íntegro, de grande caráter, um amigo excecional, um marido e um pai amado pelos seus. Perdurará o seu exemplo, guardaremos a sua memória, estará sempre connosco. Não morre quem não é esquecido por aqueles a quem deu tanto.

Até sempre Carlos Monteverde!

Por Prof. Armando Carvalho
Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado (NEDF)