Ministra da Saúde elogia trabalho da Medicina Interna no arranque do Congresso Europeu em Lisboa

O reconhecimento do trabalho e importância da Medicina Interna (MI) no Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte da ministra da Saúde, Marta Temido, foi uma das notas de destaque da sessão de abertura do Congresso Europeu de Medicina Interna (CEMI), que decorre em Lisboa até ao próximo sábado.

A titular da pasta da Saúde considerou a Medicina Interna “a mãe de todas as especialidades” e disse mesmo que conta com os internistas “para mudar o que está por fazer no SNS”.

“A Medicina Interna é o exemplo da visão do SNS traçada por António Arnaut, cujo objetivo é olhar o individuo como um todo, sem fragmentação. É por isso que a MI pode ser vista como a mãe de todas as especialidades, especialmente num contexto marcado pelo peso da multimorbilidade e cronicidade das doenças. A abordagem holística do internista responde à complexidade dos doentes que hoje temos, vendo o individuo e não só a sua doença”, começou por dizer Marta Temido.

Luís Campos, Marta Temido e Nicola Montano

Perante uma plateia repleta de internistas e onde estavam também muitos dos membros dos corpos sociais da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a ministra avançou que o especialista em MI é “uma mais valia no caminho da modernização das unidades de saúde e possui um papel relevante na integração de cuidados e maior potencialização na humanização de cuidados”.

Luís Campos, antigo presidente da SPMI e presidente do CEMI 2019, viu nas palavras da ministra da Saúde um “sinal de reconhecimento do trabalho e desenvolvimento gerado pela MI”, mas lembrou que, tal como ilustra o tema do congresso, é preciso apostar na “inovação nos cuidados de saúde e nas novas oportunidades para a MI”.

“O aumento das doenças crónicas e da multimorbilidade, e a necessidade de assegurar a sustentabilidade dos sistemas de saúde podem e devem beneficiar da eficiência, versatilidade e da bordagem holística característica da MI”, sintetizou Luís Campos, reforçando que o modelo de saúde vigente não é adequado para os doentes e que por isso são necessárias reformas.

“Temos de ser capazes de prestar cuidados preventivos, que retirem as pessoas dos hospitais e respondam às necessidades dos doentes, ao mesmo tempo que se articulam com os vários níveis de cuidados de saúde e assistência social. A MI é a especialidade melhor preparada para liderar estas mudanças”, frisou.

Nicola Montano, presidente da European Federation of Internal Medicine (EFIM), elogiou também o trabalho que a MI portuguesa tem feito na defesa do papel fulcral do internista no panorama da saúde atual e afirmou mesmo que “em Portugal está um exemplo que pode ser um polo dinamizador da MI a nível europeu”.

A sessão de abertura do CEMI foi ainda abrilhantada por uma palestra do maestro Martim Tavares, que numa analogia inspirada mostrou os pontos de contacto entre uma orquestra e a Medicina.

O CEMI decorre no Centro de Congressos de Lisboa durante os dias 29, 30 e 31 de agosto, sendo esperada a presença de mais de dois mil participantes.

(30/08/2019)