Fim de vida e morte eminente numa enfermaria de MI

Fim de vida e morte eminente numa enfermaria de Medicina Interna

A importância de reconhecer e planear o fim de vida

“A forma como se acompanham as pessoas em fim de vida é um indicador de qualidade das sociedades”, afirmou António Carneiro, especialista em Medicina Interna, na sessão “Fim de vida e morte numa enfermaria de medicina interna”, em que lançou o tema “Reconhecer e planear o fim de vida”, que decorreu na tarde de sábado.

E explicou “fim de vida é a fase em que as faculdades estão em declínio mais acentuado, muitas vezes com recurso frequente à urgência e se questionado o médico assistente, este não ficaria surpreendido se essa pessoa falecesse nos 6 a 12 meses seguintes”.

António Carneiro, realçou ainda a importância do reconhecimento de que se está em fim de vida, o que impõe o ajuste do plano de tratamento aos valores e desejos da pessoa: privilegiando o controlo de sintomas, a comunicação, o envolvimento da família e equipas de saúde e a gestão de expectativas.

“A diversidade de necessidades exige a integração de cuidados com as instituições de saúde e da sociedade. Os internistas acompanham doentes crónicos, complexos e em fim de vida, pelo que devem estar atentos a essa evolução definindo para cada pessoa o seu Plano Individual e Integrado de Cuidados, em tempo oportuno”, terminou.

Em tom de despedida, o médico anunciou que o NEBio em conjunto com o NEMPal e o International Collaborative for the Care of the Dying Patient, propôs um plano nacional de otimização das condições de morte iminente nas enfermarias de Medicina Interna, uma vez que o acompanhamento das pessoas em situação de morte iminente, isto é, últimos dias de vida, é igualmente um critério de qualidade.

Reconhecimento, estratificação das necessidades e tratamento orientado por objetivos

“É importante reconhecer o diagnóstico clínico no que respeita ao momento final do percurso de fim de vida, dado que as necessidades dos doentes e das suas famílias se alteram significativamente”, observou Rui Carneiro, especialista em Medicina Interna.

Para este efeito, o médico lembrou para a importância da comunicação neste processo, uma vez que permite identificar os desejos, valores e crenças do doente.

E acrescentou “a prescrição deve acautelar os desafios sintomáticos desta fase, como dor, dispneia, inquietação, vómito e estertor. Todas as intervenções clínicas têm de ser

revistas no melhor interesse do doente, o que inclui revisão das necessidades hídricas e nutricionais.”

Rui Carneiro, apontou o que considera ser um método infalível: “controlar sintomas, comunicar, envolvendo o doente e sua família e trabalho em equipa”.

O médico anunciou ainda, o lançamento do projeto Projeto MiMI – Morte iminente em Medicina Interna, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, através dos seus Núcleos de Estudo de Bioética e de Medicina Paliativa. “Será o momento de fazer uma avaliação da forma como cuidamos, das oportunidades para melhoria assistencial e de sistematizar a abordagem num instrumento validado para o nosso país, apoiado num modelo formativo articulado com o International Collaborative for the Best Care of the Dying Person”, concluiu.

A sessão “Fim de vida e morte eminente numa enfermaria de Medicina Interna” contou com a moderação de Juan Carlos, especialista em medicina interna.