XI Congresso de Autoimunidade supera expectativas e reforça aposta na inovação, formação e cooperação científica

O XI Congresso de Autoimunidade da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) superou todas as expectativas, afirmando-se como um dos eventos de referência na área das doenças autoimunes em Portugal. Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças Autoimunes (NEDAI), Carlos Carneiro, “as expectativas foram largamente superadas, não só pela qualidade da discussão técnica e científica que se estabeleceu, mas também pelo entusiasmo dos congressistas presentes, que participaram ativamente nas sessões, mesas-redondas, cursos e nos eventos sociais, que nos permitiram fazer novas relações de amizade e de trabalho”.

A forte adesão, refletida no elevado número de inscrições e na qualidade das conferências, traduziu-se num fórum vivo de discussão, reflexão e partilha em torno das boas práticas clínicas e dos avanços terapêuticos no tratamento das patologias autoimunes. Para Carlos Carneiro, “estamos seguros de que o conjunto de preletores nacionais e estrangeiros de excelência, bem como os participantes de todo o país, fizeram deste evento um espaço privilegiado para o debate técnico e científico”.

Tal como em edições anteriores, o congresso deu especial ênfase à inovação, às boas práticas clínicas e à investigação nas principais patologias autoimunes — como o lúpus, a artrite reumatoide e as espondilartrites — destacando as principais novidades do último ano. Foram abordados também os desafios que a inovação tecnológica e terapêutica traz para a gestão do doente autoimune, quer ao nível do diagnóstico precoce, quer da abordagem multidisciplinar. “Criámos elos de ligação entre os vários centros de autoimunidade, com uma forte aposta na investigação básica e clínica, na formação médica e na inovação terapêutica”, acrescentou o coordenador do NEDAI.

O evento ficou ainda marcado por momentos de grande simbolismo. Foi atribuído o Prémio NEDAI Carreira a Carlos Vasconcelos, reconhecendo o seu percurso ímpar nas áreas da formação, investigação e prática clínica. Carla Noronha foi igualmente distinguida com um louvor, em reconhecimento pelo seu papel fundamental na dinamização da Escola de Verão de Autoimunidade ao longo dos últimos 10 anos. “Privilegiámos os nossos internos com uma diversidade de cursos e sessões especialmente dirigidas a eles, refletindo sobre o seu papel no futuro da medicina e sobre a metodologia da formação médica. A aposta na formação é, para este Núcleo, uma das suas premissas fundamentais”, referiu Carlos Carneiro.

Outro dos momentos altos foi o tão aguardado revitalizar da Plataforma de Registo Informático das Doenças Autoimunes, um desejo antigo da comunidade médica que, após vários percalços, se tornou finalmente realidade. A plataforma está ativa e representa uma ferramenta fundamental para o registo das principais patologias autoimunes, permitindo monitorizar a terapêutica, avaliar eficácia e segurança, melhorar a qualidade assistencial e contribuir significativamente para o avanço do conhecimento científico nesta área.

O feedback dos participantes foi extremamente positivo. “É indescritível, não só pelas palavras de incentivo, mas pelo entusiasmo e esperança transversal a todos os que estiveram presentes. Não tenho dúvidas de que este congresso ficará marcado na memória de todos os que nele participaram. Criaram-se laços, partilhámos receios, mas acima de tudo caminhámos com os olhos postos no futuro, pois acreditamos que a excelência dos cuidados só poderá ser traduzida pela sabedoria das competências, refletindo-se numa melhor qualidade assistencial”, concluiu o Carlos Carneiro.

No balanço final, o XI Congresso destacou os avanços nas terapêuticas alvo e nos biomarcadores, as manifestações sistémicas das diferentes patologias autoimunes, a importância da intervenção precoce com foco na doença subaguda, a relevância das estratégias não farmacológicas em determinadas condições e os desafios que se colocam à formação médica. Como sublinhou Carlos Carneiro, citando Leandro Cortes, “o reconhecimento é um ato nobre, humilde e grandioso que dignifica o ser e engrandece a alma”.

(25/06/2025)