SPMI: o pilar da especialidade e a voz dos internistas em Portugal

Caros colegas internistas e todos profissionais de saúde

É com enorme orgulho e um profundo sentido de responsabilidade que me dirijo a vós neste mês de dezembro, um período que se reveste de um duplo significado para a nossa comunidade.

No dia 14 de dezembro, celebramos o aniversário da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e completamos 74 anos. Esta data marca não apenas mais um ano de história, como também a consolidação de uma Sociedade que tem sido o pilar da especialidade e a voz dos internistas em Portugal. A SPMI continuará a honrar o seu papel de promotora da excelência científica e defensora das condições de trabalho dignas para todos.

Dezembro foi instituído como o Mês da Medicina Interna, um reconhecimento da importância fulcral do nosso trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Contudo, este mês traz consigo uma realidade inegável: a sobrecarga de trabalho nos hospitais. À medida que as temperaturas descem, o volume de doentes aumenta drasticamente. Somos confrontados com a sobrelotação dos Serviços de Urgência, impulsionada pelo pico de infeções respiratórias, o aumento das descompensações de doenças crónicas (como insuficiência cardíaca, diabetes e doença pulmonar), a necessidade de alargar as camas para além dos Serviços de Medicina Interna, um reflexo da nossa plasticidade e capacidade de reposta global.

Neste cenário de exigência máxima, o internista reafirma-se como o eixo do hospital, gerindo o doente complexo e multifacetado com a sua visão holística e integradora.

Apesar dos desafios operacionais, a SPMI não abdica da sua missão de valorizar a especialidade através da formação. A mais-valia da nossa Sociedade reside também na capacidade de dotar os internistas de ferramentas contínuas para a excelência clínica.

Neste sentido, destaco o lançamento do novo site do nosso Centro de Formação (ForMI), uma plataforma robusta e moderna, pensada para ser um recurso essencial na atualização e desenvolvimento profissional de todos os internistas. Investir na formação é investir na qualidade dos cuidados que prestamos aos nossos doentes.

Por fim, e face à pressão constante sobre o SNS, é imperativo que o nosso Sistema de Saúde inicie uma reforma hospitalar profunda e urgente.

Esta reforma deve ter como princípio inegociável colocar o doente no centro de todas as decisões e estruturas. É fundamental que a gestão hospitalar seja cada vez mais liderada por médicos com uma visão global, capazes de coordenar de forma eficiente as múltiplas valências e responder à complexidade inerente ao internamento e à urgência.

A Medicina Interna é, por natureza, essa visão global. O internista é o especialista que vê o doente como um todo e não como um conjunto de órgãos. É esta a competência que deve nortear o futuro da gestão hospitalar para garantir a sustentabilidade e a humanização dos cuidados.

Conto com todos vós para continuarmos a elevar o nome da Medicina Interna.

 

Luis Duarte Costa – Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

(14/12/2025)