Síndrome Antifosfolipídico
O Síndrome Antifosfolipídico (SAF) é uma doença autoimune sistémica que continua a ser subdiagnosticada, apesar dos seus potenciais efeitos devastadores. Assinalado anualmente a 9 de junho, o Dia Mundial do SAF pretende aumentar a consciencialização sobre esta doença e destacar os avanços científicos na sua abordagem.
O SAF caracteriza-se pela presença persistente de autoanticorpos antifosfolipídicos no sangue, como os anticardiolipina, anti-β2-glicoproteína I e o anticoagulante lúpico, que induzem um estado de hipercoagulabilidade, favorecendo a formação de coágulos em veias e artérias. Estes fenómenos podem manifestar-se de forma diversa, desde tromboses venosas profundas, acidentes vasculares cerebrais em adultos jovens, até complicações obstétricas, como abortos de repetição, pré-eclâmpsia e mortes fetais intrauterinas. Existem manifestações menos reconhecidas de SAF, como trombocitopenia, doença microvascular e doença valvular cardíaca, que não devem ser esquecidas.
O diagnóstico baseia-se em aspetos clínicos e laboratoriais. É necessário documentar a existência de uma manifestação clínica, associada a positividade persistente de anticorpos antifosfolipídicos, detetados em duas amostras com pelo menos 12 semanas de intervalo (não podendo esta positividade estar separada das manifestações clínicas em mais de 3 anos).
O tratamento dos eventos trombóticos baseia-se, na maioria dos casos, na anticoagulação crónica, frequentemente com varfarina, mantendo-se o INR em níveis terapêuticos. Em situações obstétricas, o tratamento deve ser o mais individualizado possível, dependendo do risco que se estratifica para cada gestante e para cada fase da respetiva gestação.
O Dia Mundial do Síndrome Antifosfolipídico é uma oportunidade para informar, esclarecer e envolver a comunidade médica e científica na luta contra uma doença que pode ter impacto profundo na qualidade de vida de quem dela padece.
Daniela Marado – Núcleo de Estudos de Doenças Auto-imunes da SPMI / ULS Coimbra
(09/06/2025)