A importância da vacinação na população idosa

Vacinação é Proteção” é o lema da campanha que o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEGERMI) renova para celebrar o Dia Internacional do Idoso a 1 de outubro de 2021. Pelo segundo ano consecutivo, o Valentim, a mascote vestida de camuflado, relembra a importância da vacinação na população idosa.

Os idosos são mais suscetíveis às infeções devido ao envelhecimento do sistema imunitário, denominado imuno-senescência, que acarreta uma diminuição progressiva da resposta imune. Além disso, os idosos têm, habitualmente, mais doenças, tomam mais medicamentos e têm particularidades clínicas, como as síndromes geriátricas, que sinergicamente condicionam fragilidade e aumentam a vulnerabilidade e aumentam o risco de infeções.

Se não bastasse este risco, quando ficam doentes, os idosos sofrem mais e podem ter mais complicações. A descompensação das doenças crónicas, a reduzida capacidade dos órgãos em responder a agressões e a frequente necessidade de internamento hospitalar associam-se à desnutrição, perda da massa muscular e subsequente aumento da dependência funcional e risco de institucionalização. As infeções podem assim, efetivamente, comprometer o envelhecimento saudável, a qualidade e a esperança de vida, representando uma significativa causa de morbilidade e mortalidade nos idosos.

As vacinas atualmente disponíveis têm um bom perfil de segurança, são eficazes e, geralmente, bem toleradas. Apesar disso, a resposta vacinal poderá variar de acordo com tipo e via administração da vacina e entre os diversos indivíduos devido à sua heterogeneidade, comorbilidades e medicação habitual. Pese embora a imuno-senescência poder relacionar-se com a atenuação do estímulo imunológico das vacinas e, por conseguinte, com a diminuição da sua eficácia nos idosos, a vacinação é uma das estratégias mais importantes na prevenção primária de algumas doenças infeciosas, constituindo, atualmente, uma prioridade crescente da saúde pública.

Apesar do reconhecimento da vulnerabilidade dos idosos a infeções preveníveis eficazmente pela vacinação, verifica-se, ainda, uma baixa taxa de cobertura vacinal neste grupo etário. É neste contexto, que o NEGERMI lança, novamente, a campanha “Vacinação é Proteção” com objetivo de divulgar a importância e a necessidade da vacinação da população idosa e reduzir a propagação da desinformação e dos estigmas associados.

No documento agora divulgado, “Recomendações Clínicas para a Vacinação da População Idosa em Portugal”, o NEGERMI recomenda a vacinação atempada de todos os idosos não só contra o tétano e difteria e contra a gripe, já aconselhada pela Direção-Geral da Saúde, como também a vacinação contra infeções por Streptococcus pneumoniae e herpes zoster.

Considerando a evidência dos benefícios nos idosos, a vacinação deverá ser integrada no conjunto de intervenções da prática clínica centradas nas necessidades de cada idoso a fim da diminuição da prevalência das infeções e, consequentemente, da sobrecarga assistencial e económica do Serviço Nacional de Saúde. O contacto com os serviços de saúde, tanto primários como hospitalares, representa uma oportunidade privilegiada para o aconselhamento e esclarecimento individual de indicações, contraindicações e efeitos adversos com a finalidade de uma prescrição racional e adaptada a cada indivíduo.

Assim como aconteceu há um ano, o Valentim defende a vacinação como uma estratégia de proteção dos nossos idosos de infeções graves, cuja prevalência ainda é significativa, e recomenda-lhes participarem ativamente na decisão de se vacinarem, sempre aconselhados pelos seus médicos.

Paulo Sousa Almeida – Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

(14/10/2021)