Hospitalização Domiciliária: um hospital seguro em cada casa

O internamento domiciliário é uma realidade já com 10 anos em Portugal.

Ao longo destes anos, foram internados em casa mais de 59 mil doentes, (11.500 só no último ano) do Norte ao Sul do país, do continente às ilhas.

Ter um médico e enfermeiro em casa todos os dias passou a ser uma realidade para tantos doentes que desejavam poder continuar em casa mesmo quando precisam de ser internados.

As noites no conforto da sua casa, as refeições em família na sua cozinha ou na sua sala, a privacidade da higiene na sua casa de banho, sem comprometer o seu tratamento, a sua saúde.

A hospitalização domiciliária é uma extensão do hospital para cada casa de cada doente que necessita de internamento, mas simultaneamente reúne condições de segurança para que o mesmo possa decorrer na sua casa, às vezes até no seu jardim.

É um compromisso de não inferioridade no tratamento e de segurança, confirmado por uma equipa constituída por médicos e enfermeiros, que avaliam cada doente internado em Hospitalização Domiciliária.

É um trabalho de equipa com um papel primordial do próprio doente ou cuidador que concordam com esta modalidade de internamento e simultaneamente se comprometem em cumprir as indicações terapêuticas fornecidas. É um trabalho de equipa em que cada elo é essencial para o sucesso.

As visitas da equipa, com periodicidade mínima diária, e uma disponibilidade assistencial 24 horas por dia, sete dias por semana, asseguram os cuidados médicos e a segurança do tratamento necessários.

É o internamento com menos complicações; menos infeções hospitalares, menos quadros confusionais, menos quedas, menos agravamento nutricional ou do grau de dependência. É o internamento com maior grau de satisfação de doentes e familiares com melhor relação custo /beneficio nas várias vertentes clínica e financeira.

A segurança do internamento em casa começa com a verificação da situação clínica, da terapêutica necessária, da distância do domicílio ao hospital para uma assistência adequada e atempada em caso de descompensação. A segurança mantém-se no compromisso de retorno ao hospital em caso de agudização ou se forem necessários procedimentos ou tratamentos que não possam ser administrados no domicílio. A segurança assenta também na articulação de cuidados pós alta. Esta é feita por vezes diretamente, mas em todos os internamentos, através da elaboração da nota alta entregue aos doentes e encaminhada para os cuidados de saúde primários. A segurança existe também na articulação dos cuidados entre as várias especialidades hospitalares, assistente social ou referenciação à RNCCI sempre que a situação clínica ou social o justifique.

Estão atualmente internados em hospitalização domiciliária, todos os dias, mais de quatro centenas doentes. A HD em Portugal, tem por isso a dimensão equivalente à de um hospital de média dimensão, com possibilidade de expansão apenas limitada pelos recursos humanos alocados a este internamento.

Por cada doente internado em casa, permanece no hospital uma cama livre para os doentes cuja situação clínica ou cuidados necessários obriguem à permanência hospitalar.

No hospital ou em casa, cada doente deve ter direito ao melhor tratamento possível. Em Portugal, nos últimos 10 anos, a Hospitalização domiciliária tem crescido, afirmando-se hoje como um internamento de excelência.

 

Paula Lopes: Coordenadora Médica da UHD da ULSA / Núcleo e Estudos de Hospitalização Domiciliária da SPMI

(20/11/2025)