5.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária destaca expansão e consolidação do modelo em Portugal

O 5.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária (CNHD) terminou com um balanço “positivo e esperançoso”, segundo a coordenadora do núcleo, Olga Gonçalves. O evento, que reuniu 260 profissionais de todo o país, consolidou-se como um fórum nacional de debate, reflexão e planeamento do futuro da hospitalização domiciliária (HD) em Portugal. “Para além de ter constituído um fórum nacional de partilha e discussão sobre a realidade atual da hospitalização domiciliária, o congresso permitiu traçar caminhos comuns de expansão e de ainda melhor qualidade dos cuidados prestados”, afirmou Olga Gonçalves.

Os trabalhos do congresso centraram-se na revisão dos três momentos essenciais do processo de hospitalização domiciliária: a avaliação clínico-social do doente para admissão, o acompanhamento durante o internamento e o seguimento após a alta. “Concluímos que a abrangência do trabalho em HD vai muito para além do doente não-cirúrgico, beneficiando da colaboração de colegas de várias especialidades”, sublinhou a coordenadora. “A hospitalização domiciliária deve passar a ser a forma primordial de internamento na fase aguda da doença, e não apenas uma alternativa ao internamento convencional.”

A edição de 2025 contou com participantes oriundos de diferentes equipas multidisciplinares de HD de norte a sul do país. Para além das 12 comunicações orais e 10 posters apresentados, foram ainda submetidos cerca de 50 trabalhos na modalidade de poster digital. O congresso incluiu uma reflexão sobre os diferentes modelos de HD no mundo, inspirada na experiência do Congresso Mundial de Hospitalização Domiciliária (WHAHC), realizado em março na Áustria.

Entre os temas que marcaram o encontro destacaram-se a integração tecnológica na monitorização à distância e no uso da inteligência artificial, bem como a análise custo-benefício do impacto económico da hospitalização domiciliária. Também foi abordada a implementação dos Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) e debatidos os principais desafios do setor — desde a referenciação e o diálogo com os cuidados de saúde primários até às questões legais e logísticas. “Houve uma participação muito viva e diversificada, reflexo da natureza pluridisciplinar das equipas HD”, referiu Olga Gonçalves. “Essa interação foi determinante para a partilha de experiências e construção de soluções conjuntas.”

Durante o congresso, houve ainda menção às comemorações dos 10 anos da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Hospital Garcia de Orta, em novembro. Para a coordenadora, este marco reforça o papel da HD como “alavanca decisiva para a interação dos profissionais nas Unidades Locais de Saúde e para a promoção da literacia em saúde”. “Cabe às ULS reconhecer o valor e o impacto económico da hospitalização domiciliária nos cuidados integrados. E às equipas HD, continuar o esforço pela certificação, pela formação e pela entreajuda que têm caracterizado este movimento em Portugal e no mundo”, acrescentou.

A 6.ª edição do Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária já tem data e local marcados: 18 e 19 de setembro de 2026, em Aveiro, onde se espera dar continuidade à discussão sobre formação, certificação e avanços na prestação de cuidados em HD.

 

(09/10/2025)