Desafios da Comunicação Clínica foram tema de curso do NIMI

O Núcleo de Internos de Medicina Interna (NIMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) promoveu no passado fim de semana um curso dedicado ao Tema “Desafios da Comunicação Clínica para Internistas”, onde tratou temas como a abordagem da sexualidade, a comunicação de más notícias, as particularidades da comunicação com os doentes idosos, a comunicação entre pares e até mesmo o uso do humor como ferramenta.

Fátima Leal Seabra, mestre em Comunicação Clínica, interna do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia Espinho (CHVNGE) e membro do NIMI explica que nesta primeira edição do curso os objetivos passaram por formar e incentivar os internos e os especialistas em Medicina Interna numa área que pode trazer grandes ganhos em Saúde.

“Estes são temas cada vez mais fundamentais e transversais a todos nós, na nossa prática clínica diária, e são sem dúvida uma forma de melhorarmos a qualidade assistencial que prestamos aos nossos doentes, tendo como objetivo final melhorar a adesão à terapêutica e envolvermos os nossos doentes em todo o processo terapêutico.”

A internista considera que a comunicação clínica é gratuita, não envolve custos como outras técnicas de diagnóstico, e acredita que melhorar neste campo poderá permitir até poupar dinheiro noutras áreas.

“O médico tem de comunicar com o doente e essa comunicação tem de ir além da simples informação. Temos de estar atentos ao que se passa com o doente, à dinâmica familiar, e tudo isso vai ajudar-nos a construir uma relação que é privilegiada e, quando bem fundamentada, dá muito mais ganhos do que outra qualquer técnica de diagnóstico. Se investirmos nisto poderemos certamente esperar doentes mais motivados e uma maior adesão à terapêutica”, referiu Fátima Leal Seabra, que se mostrou convicta de que “a comunicação clínica é a pedra basilar da relação com o doente”.

“Um médico que comunica melhor é melhor médico”

Joana Carneiro, interna do Hospital das Caldas da Rainha, foi uma das alunas da primeira edição deste curso que teve lugar no CHVNGE, e sublinha que, a bem da relação com o doente, é importante dominar outros conceitos que não apenas os científicos.

“Durante o internato, e até mesmo durante a formação pré graduada, recebemos ferramentas mais teóricas, e a área da comunicação torna-se muitas vezes o parente pobre. No entanto, considero que é uma das melhores ferramentas que podemos ter na interação com o doente, seja na forma de tratar a doença aguda, seja na doença crónica, permitindo que nos tornemos aliados dos doentes e que partilhemos os seus objetivos.”

A médica afirmou ainda que na urgência, no contacto com familiares ou no internamento, a ”comunicação é um grande pilar que suporta a aplicação da ciência” e não hesita em dizer que “um médico que comunica melhor é um melhor médico”.

(14/02/2018)